Na joalheria

Hoje estive na joalheira de minha cidade, dentre tantas outras que cá existem, escolhi apenas uma que me chamou a atenção e me custou menos pernadas e desgaste físico...velho escritor.Entrei com um relógio no bolso, não era de marca, mas funcionava bem, estava sem bateria há algum tempo...mas a correria dos dias não me deixava tempo de fazer essa reposição tão essencial para mim.Entrei e me deparei com uma moça, não era muito bonita, tinha uns cabelos loiros, sem tinta, uns olhos tristes, miúdos e inexpressivos, uma roupa limpa mas bem simples não usava marcas conhecidas, mas isso não importava.Tinha minha altura, mas faltava tanta expressão naquele rosto que me fazia sentir mal.Talvez o ambiente lhe forçava a viver aquele papel, de pequenez ante o mundo que pulsava lá fora,ela no entanto estava avessa a tudo.Fechada naquele mundinho do tempo...com aqueles ponteiros tintinando de lá para cá, e apenas um buraquinho na parede para se comunicar com funcionário que consertava os relógios...também ali, fechado no seu mundinho de funcionário ou dono ou sócio, ambos vivem do tempo, mas ficaram ali parados no tempo, eu saí e senti uma tristeza por eles, não sei porque, talvez por vê-los assim diminuídos naquela salinha, avessos as conversas, brilhos, luzes, tudo estava parado e certinho como os ponteiros dos relógios batendo de um lado para o outro o ar e a vida daqueles dois seres.

Daniel Martimiano
Enviado por Daniel Martimiano em 10/06/2013
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