O GOLPE DO ANEL DE OURO

Lúcia estava sentada na sala de espera de sua médica aguardando calmamente para ser atendida. Abriu um livro e começou a ler.

Atenta à sua leitura nem deu importância quando na sua frente senta-se um senhor de 80 anos. Este conto ela ouviu dele mesmo, num relato à senhora sentada a seu lado.

Fechou o livro depois de marcada a página, pois não conseguia concentrar-se na sua leitura, tamanho era o falatório do interlocutor a sua frente.

Viúvo a 3 anos contava as suas desventuras à sua vizinha ao lado que ouvia atentamente a sua prosopopéia.

Ele ia caminhando pelas ruas do bairro quando passa a sua frente uma moça de uns 40 anos e tais. Ela abaixa-se repentinamente passando alguns passos adiante dele. Ela vira-se e pergunta se o anel que estava em sua mão era de ouro. Rindo-se disse a ela que fosse cantar em outra freguesia, que não era burro e sabia que aquilo era um golpe.

A moça chorosa diz-lhe que não é golpe e que precisa do dinheiro para levar seu pai ao médico que está muito doente. Que o dinheiro do anel vem bem a calhar, e já que ele não quer ela vai vendê-lo.

Ela caminha até uma ourivesaria que fica na esquina e o homem a segue para ver no que vai dar o tal anel.

Visto, revisto o anel, vem o veredito: era ouro mesmo, e dos bons disse o dono da loja, valia R$1.500.00 reais. Ela toda contente o coloca no bolso da saia e vai saindo da loja. Não sem antes olhar para os olhos do homem que rira a minutos atrás. Ele todo condoído da situação pede-lhe desculpas.

Ela caminha pela rua. Ele a segue rapidamente e chama-lhe para falar. Diz que compra o anel. Afinal dali a 3 semanas será o aniversário de sua filha. Vai dá-lo a ela. Combinam de encontrar-se logo mais a tarde no banco, pois a moça tem que ir dar o almoço ao pai doente.

Mais tarde no banco, feito a transação ela lhe dá o anel, ele o dinheiro. Está feito o negócio.

Então ele percebe que nem sabe seu nome, ao qual ela responde prontamente, Maria Madalena.

Ele diz o seu, Humberto. Agora eram dois amigos. Trocam números de telefones e ficam de conversar mais tarde a ver o que deu a tal consulta do pai de Maria Madalena.

Passada algumas horas Humberto tenta em vão falar com ela pelo celular. Mas cadê de conseguir? A operadora dizia que aquele número indicado não existia.

Pensou, refletiu e achou que ela se enganara no número. Ia tentar encontrá-la no outro dia.

Na manhã seguinte saiu pelo bairro a procura de Maria Madalena. Procurou em vão, não conseguiu encontrá-la. Caminhou até a ourivesaria que estivera com ela e perguntou ao dono se ele a tinha visto. Ao qual o dono diz-lhe que não. Ele coloca as mãos no bolso e vai saindo da loja quando percebe que o anel ficara em seu bolso. Conversa com o homem da loja e diz que gostaria de mandar limpar e polir o anel e colocá-lo em uma caixinha de veludo que vira ali em cima do balcão.

Prontamente o dono da ourivesaria diz-lhe que está a seu dispor. Ele entrega o anel e fica esperando ele fazer o serviço, já que não havia nada para fazer naquele momento. Pensou que sua filha ficaria encantada com aquele pequeno mimo que lhe daria.

Passam-se alguns momentos e o dono da loja lhe chama a atenção:

- Senhor Humberto, eu sinto muito em lhe dizer, mas esse anel não é o mesmo de ontem. O senhor foi enganado. Isso é uma bela imitação. Sinto muito.

Ele cabisbaixo sai da loja com o rabo entre as pernas. Afinal ela lhe deu o golpe.

Julgou-se esperto, mas ela era mais.

Ouvindo esse relato Lúcia não se conteve e caiu na gargalhada. Os dois à sua frente ficaram olhando um para o outro sem entender nada. Afinal ela estava com o fone de ouvido. Mas nenhum deles percebeu que ouvira toda a conversa.

Silvya Gallanni

04/06/2013

LuxSolar
Enviado por LuxSolar em 04/06/2013
Reeditado em 01/08/2013
Código do texto: T4325165
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