(des)AMOR
Era tarde. Chovia no gramado e o cheiro de grama invadia as narinas do jovem casal. Chovia e a chuva caia muito pouco na varanda; lá fora a roupa recém lavada era alvo de gritaria de uma mãe que cozinhava
-Recolhe a roupa, menino, que tô ocupada!
E o menino se levantava. Preguiçoso e apaixonado não queria sair de perto de sua amada. Apaixonado ele sorria e mal percebia o que se passava ao seu lado.
A roupa pouco molhou e na varanda, não que a chuva fosse culpada, o rosto pálido da jovem pouco a pouco se molhava.
Largando a roupa ele corria e se sentava no cobertor ao lado dela -ah! Como ele gostava de ficar ali sentado com ela -e a puxou para o seu peito... Triste estrada.
Triste estrada que ele trilhou com os dedos no rosto dela, limpando aquelas lágrimas tão perigosas.
Tomou pra si toda dor, sorvendo a água do louco amor e , tão louco ele era de acreditar.
Ela se levantou, pulou o pequeno monte de roupa que ele havia largado no chão, e deixou a chuva limpar o que restava daquele relacionamento nela.
Ele simplesmente se deixou levar pelos gritos (da mãe), pelas mágoas e o pesar; segurando a roupa encharcada por seus lamentos ele entrou na cozinha.
- Oh menino! Que qui é isso?! A roupa tava limpinha!!! Não sou sua empregada, ouviu? Pode ir pro tanque lavar elas novamente!