Último suspiro


A árvore ficou distante dos meus olhos... Frutos não caem sobre o árido chão, nos sertões que ninguém vê e pouco se importa. O menino, com a barriga roncando de fome, grita por comida e ninquém o escuta, a não ser a mãe. Ela chora... A casa não é casa, é um casebre que ao vento pode transformar-se em escombros. As meninas brincam de amarelinha, como se nada tivesse acontecendo e de repente uma cai desmaiada de fome. A tia grita: - Lurdinha desmaiou...Panos quentes, saindo do fogão à lenha vão em sua testa. Ela revira os olhos e sonha com festa e doces ao dar o último suspiro. Assim vão caindo um a um no Nordeste, onde a fome é um animal sempre à espreita. A avô grita...Clama por chuva e derruba as panelas vazias no fogão à lenha. A vaca tá prenha e não tem leite... A Lua chora e o meu pranto escorre sobre o frio papel onde escrevo versos...

Tony Bahi@.
Tony Bahia
Enviado por Tony Bahia em 25/05/2013
Código do texto: T4308446
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.