Família de comercial de margarina.
Horário do almoço. Todos sorridentes em volta de uma mesa. A mãe sorri e faz gracinhas com os filhos e com o marido. O marido a responde com pequenas implicações que quase parecem não dizer nada. Aliás, eles se amam. Os filhos comentam do dia na escola, conversam entre si, dão suaves gargalhadinhas. Você é novo ali. Ninguém o conhece e você não conhece ninguém. Você gosta do que vê. Uma família feliz. Reconhece que apesar de amar sua família, aquela parece ser mais feliz. Deseja que continuem assim. Você despede-se e sai da casa. As portas se fecham atrás dos seus ombros e você não toma conhecimento do que ali se passa. O marido trabalha interruptamente, não dá atenção a sua mulher, mulher essa que nem mesmo queria sua atenção, pois já possui outro que pode lhe dar o que precisa. Os adoráveis filhos transformam-se em pestinhas que ao estalar os dedos conseguem tudo aquilo que desejam sem o menor esforço e sem demonstrar a existência de valores.Todos são falsos e docemente sorridentes. Uma família de comercial de margarina. E nada além disso.