O velho jacarandá
Sua mente havia gerado lembranças de estradas, corredores assombrados pelos ventos, os poucos cães que ousavam acompanhar-lhe, perdiam-se no terreiro, onde magras escravas batiam as roupas das sinhazinhas, nos charcos cheios de sol e salpicos de sabão.
Por essas estradas corria, com seus poucos e corajosos anos passados, apostando corrida com os passarinhos, a procura do jambo mais rosado e das flores que se escondiam nas beiras dos precipícios.
Nas noites de lua cheia aproveitava-se da luminosidade que brincava dentro do matagal, para fazer suas mandingas, brincadeiras de menino levado, urinava nas formigas e deitava-se em lençóis de saco, não temia os abacateiros que assoviavam, e nenhuma alma penada que aparecesse.
Os pirilampos faziam-lhe festa, saindo do velho jacarandá onde moravam, em sua cabeça formavam uma coroa, de lusco-fusco e sonhos.
Tudo agora estava longe, atrás dos morros azuis de tão distantes, do passado só lhe restavam às ruínas, a nostalgia de um tempo raro de infância.
Mas o jacarandá ainda guardava as primeiras letras do seu nome.