A VIDA É BELA
Do espaço celeste descem fagulhas de luz que se materializam na terra. Tomam formas diferentes: animais, plantas, flores, rios, pedras, objetos, gente.
Acontece que alguns não têm olhos de ver, coração de sentir, sentimento de amar. Uns reclamam porque este ano não conseguiram trocar o carro pelo zero da propaganda, outros porque faltou o alimento para o filho.
Temos ideias diferentes sobre a maneira de interpretar o que é bom, o que é ruim. Reclamamos se faz sol, se chove, se frio, se calor. É assim.
Lucila nasceu de mãe presidiária. Desta maneira, condenada a viver atrás das grades, mesmo sem ter cometido crime algum. Tinha, portanto, do que reclamar. Nos primeiros oito meses, viveu prisioneira. Para completar, nasceu com paralisia cerebral. Mas não reclamou. Sorria. Olhos castanhos escuros cheios de luz.
Ganhou outra mãe, irmãs que eram de verdade, uma tia, irmão de coração, casa bonita, tratamento carinhoso e medidas para curar as dores do coração e amenizar os defeitos físicos.
O dia em que deixou o presídio, os braços da mãe, e passou para outros, chorou. E muito. Tinha apenas oito meses e sabia da vida, do que era e do que seria. Estava registrado em sua alma, que era velha, sofrida.
Foi vencendo os tropeços. Caiu bastante. A perna esquerda, teimosa, não queria sustentá-la em pé. Rolou pelo chão por bom tempo. Nem engatinhar conseguia. Porém mantinha o sorriso, a esperança e a coragem. Uma guerreira.
Finalmente, pôs-se de pé, caminhou. Somente risos. Agora, ainda que com vacilos, corre, brinca, fala, canta.
Lembram-se daquelas fagulhas de luz que se materializaram? Pois é. Lucila é uma delas. É luz por dentro e por fora. Hoje, aproximou-se da mãe, a do coração, e, do alto da sabedoria dos seus três anos, bradou:
— A vida é bela!
Pensou não ter entendido.
— Repete. O que disseste, filhinha?
— A vida é bela!
A mãe olhou-a, admirada, com sorriso e lágrimas. Num abraço apertado, entre beijos, concordou e concluiu:
— Tens razão. Realmente, a vida é bela, muito bela.
Do espaço celeste descem fagulhas de luz que se materializam na terra. Tomam formas diferentes: animais, plantas, flores, rios, pedras, objetos, gente.
Acontece que alguns não têm olhos de ver, coração de sentir, sentimento de amar. Uns reclamam porque este ano não conseguiram trocar o carro pelo zero da propaganda, outros porque faltou o alimento para o filho.
Temos ideias diferentes sobre a maneira de interpretar o que é bom, o que é ruim. Reclamamos se faz sol, se chove, se frio, se calor. É assim.
Lucila nasceu de mãe presidiária. Desta maneira, condenada a viver atrás das grades, mesmo sem ter cometido crime algum. Tinha, portanto, do que reclamar. Nos primeiros oito meses, viveu prisioneira. Para completar, nasceu com paralisia cerebral. Mas não reclamou. Sorria. Olhos castanhos escuros cheios de luz.
Ganhou outra mãe, irmãs que eram de verdade, uma tia, irmão de coração, casa bonita, tratamento carinhoso e medidas para curar as dores do coração e amenizar os defeitos físicos.
O dia em que deixou o presídio, os braços da mãe, e passou para outros, chorou. E muito. Tinha apenas oito meses e sabia da vida, do que era e do que seria. Estava registrado em sua alma, que era velha, sofrida.
Foi vencendo os tropeços. Caiu bastante. A perna esquerda, teimosa, não queria sustentá-la em pé. Rolou pelo chão por bom tempo. Nem engatinhar conseguia. Porém mantinha o sorriso, a esperança e a coragem. Uma guerreira.
Finalmente, pôs-se de pé, caminhou. Somente risos. Agora, ainda que com vacilos, corre, brinca, fala, canta.
Lembram-se daquelas fagulhas de luz que se materializaram? Pois é. Lucila é uma delas. É luz por dentro e por fora. Hoje, aproximou-se da mãe, a do coração, e, do alto da sabedoria dos seus três anos, bradou:
— A vida é bela!
Pensou não ter entendido.
— Repete. O que disseste, filhinha?
— A vida é bela!
A mãe olhou-a, admirada, com sorriso e lágrimas. Num abraço apertado, entre beijos, concordou e concluiu:
— Tens razão. Realmente, a vida é bela, muito bela.