RECORTE DA NOITE LARANJA E CARVÃO
A luz era a da lua e a da lamparina. Lá fora o farol maior, rodeado de faróizinhos, que por suas vez eram rodeados de pontinhos ainda menores, mas que brlhavam com igual esplendor, vagalumes cegos. Dentro da caixa de gente, o breu era mais sincero... A luz da lamparina afogueava o ar, laranja feito o chão daquela terra, feito o rosto do Sertão, mas ainda havia escuridão. Gigantesca e dolorida, lá fora e no estômago.
Nas paredes, vultos daçavam, projetados pelas chamas e pela fome. As inquietas sombras tornavam-se fantasmas a assombrar Marias e Joaquins, pequenos farrapos que teimavam com a seca do solo e com a força da falta de tudo.