Sra. Pimenta e as pepitas de ouro
Charles nasceu num lugar onde toda esquina era uma viela. Guardas andavam pelas ruas balançando seus cassetetes de madeira. Poucos carros circulavam. Os postes de luz não iluminavam nada além da praça. As prostitutas eram respeitadas. Bebida alcóolica era vendida à qualquer um que pudesse pagar. O bar era um ambiente para fugitivos e renegados. Seus primeiros porres vieram junto com suas primeiras moedas, que conseguiu engraxando botas. Foi no mesmo buteco que ele conheceu uma singela Senhorita, que o apresentou a Sra. Pimenta, que tinha um intestino muito peculiar. Ela cagava ouro.
Era uma terça-feira perdida. Não tinha tido muito trabalho e ele estava pedindo para que alguém pagasse uma cerveja. Uma garota estranha aquele meio se aproximou dele com uma caneca cheia e ganhou sua atenção. Depois de algumas goladas ela tirou uma maço de notas. “Tem mais da onde vem estas.” Instigado pelo cheiro do dinheiro ele seguiu ela para fora do bar. Os dois saíram em direção a uma estrada de terra. “Pode acreditar, ela caga pepitas de ouro tão limpas que dá vontade de beijar”, disse ela. Foi então que ele descobriu que para tal transformação a velha precisava engolir porra de um jovem. Era aí que ele entrava na história.
Não precisou de mais explicações para o garoto topar deixar a Sra. Pimenta a vontade para uma boa mamada. “A digestão dela demora umas doze horas, parece um relógio. Então eu troco as pepitas na casa de penhor e você ganha cem pratas e uma chupada.” Acordo selado. Os dois começaram a chegar perto de uma carruagem, parada na entrada de uma porteira. Charles estava bêbado o suficiente para não lembrar o caminho. Também era o bastante para não reparar numa idosa tentando parecer gostosa. As gengivas expostas dela satisfizeram sua curiosidade a respeito do sexo na terceira idade. Depois de anos praticando sua técnica tornava aquilo realmente um prazer.
Quando ele acordou no sol não tinha nenhum sinal da carruagem. Ele voltou e ficou perambulando pela cidade durante o dia. Não lembrava muito da cara da velha, mas era capaz de descrever a bela morena com perfeição. Ficou horas parado na frente da casa de penhor. Nada. No fim da tarde voltou ao bar. Ela apareceu. Charles já tinha tomados algumas, e por isso estava com mais coragem que o habitual. “Quero meu dinheiro sua vagabunda!” “Está aqui valentão. Sabia que você ia estar aqui me esperando.” “Você me deixou jogado na estrada!” “Não disse nada sobre casa, comida e roupa lavada.” Tomaram mais algumas cervejas e foram na rota do ouro. Lá estava a Sra. Pimenta, esperando os dois com um sorriso.
De novo ele acordou de ressaca com o sol na cabeça. A rotina se seguiu por mais duas noites. Nada da garota no prego. Nenhuma notícia até o encontro no fim da tarde no bar. Charles decidiu que aquele dia não estaria bêbado. Iria lembrar do caminho, da cara da Sra. Pimenta e não ia acordar no sol. A mulher apareceu. “Não vamos perder muito tempo hoje. Quero ir para a carruagem agora.” Ela riu, disse que a velha ainda não estava lá. Uma cerveja não poderia fazer mal. Foi só uma cerveja!? Não. Minutos depois dos primeiros raios de sol acertarem sua cabeça ele acordou jogado na estrada de terra.
No fim da tarde lá estava Charles, furioso no bar. A noite começou a cair e nada da bela donzela. Ele começou a beber e a perguntar para todos sobre uma morena, bonita, diferente de todas ali. Ninguém dizia haver visto distinta senhorita pisando naquele chão em que tempo fosse. Ele foi ficando louco. Gritava uma história sobre a velha que cagava pepitas de ouro. Riram dele até que ele terminasse estirado num canto qualquer murmurando baboseiras. Alguém colocou-o para fora antes de fechar o bar.