Salgueiro

Salgueiro

Poliana plantou um chorão no jardim da sua casa, junto com azaléias, rosas, onze horas... Ficando lindo!... O pequeno pezinho já começava a esticar seus bracinhos e suas pequeninas folhas já balançava ao vento. Ela sabia que ele não crescia muito mas que iria enfeitar o seu jardim. Todo o dia à tardinha ela regava para que ele crescesse e ficasse bonito. Cuidava dele com o maior esmero, como uma mãe cuida de um filho.

E o pequenino chorão foi crescendo e cada vez mais esticava os seus bracinhos e ia enchendo de folhinhas e ela continuou seu árduo trabalho de cuidar: regava, colocava terra vegetal alimentado-o, fazia uma pequena poda para deixa-lo redondinho e foi assim durante muito tempo.

E o pequeno chorão crescia forte e bonito, fazendo uma sombra gostosa na calçada e os passarinhos já faziam algazarra.

Amigas vieram visitá-la, uma achava ele lindo e outra dizia que quem tivesse chorão iria chorar muito e ela nem ligava vendo-o crescer cada vez mais forte e bonito. Era lindo vê-lo balançando ao vento e noite de lua cheia suas folhinhas brilhavam como cristais. O bem-te-vi escolheu-o para sua morada.

Passou-se o tempo e chegou a estação das chuvas e choveu muito naquele ano, foram quase dois meses de chuva, parava um pouco mas logo descia tudo outra vez a tromba d água. Poliana com seus afazeres e com toda aquela chuvarada desligou-se do seu pequeno chorão... E numa bela manhã o sol apareceu mais brilhante do que nunca, aquecendo a terra com seus raios, enxugando aos poucos todas as gotinhas de chuva e ao longo do dia foi ficando forte, o tempo se firmou e a chuva foi embora.

Poliana só na faxina, arrumando tudo, lavando calçada, varrendo folhas... enfim pôs em ordem tudo o que havia saído do lugar devido à chuvarada. E à tardinha estava com clima ameno, céu azul, passarinhos riscando o céu, ela sentou-se no seu banco tomando um merecido cafezinho e lembrou do seu pequenino chorão e quando olhou assustou-se... ele havia crescido demais já havia passado o muro do vizinho e o seu tronco estava grande e forte.

Passado uns dias veio o jardineiro para podar as árvores do seu quintal e aparar a grama e ela mostrou o chorão e como ele havia crescido e para sua surpresa o jardineiro lhe disse: Poliana lhe venderam coisa errada, isso não é chorão e sim salgueiro e ele cresce muito. Ela ficou triste, mas logo se apaixonou por ele.

Passaram-se os anos e o salgueiro cresceu lindo, forte, passou o muro, a casa, tronco enorme no seu jardim. Fez morada dos pássaros, era a casa do bem-te-vi, das rolinhas... Estava pertinho do céu, nem dava mais para podar, todos os dias ela varria a calçada pois ele jogava bastante de suas folhinhas. Ela o amava, apesar do trabalho que dava.

Nas noites de vento, era lindo vê-lo com seus galhos descendo até o chão, suas folhas com o brilho da lua pareciam brilhantes, o espetáculo estava ali para todos verem e de dia com o brilho do sol era apaixonante, todo o trabalho que ele dava, compensava pela sua sombra e beleza.

Quando chegava o Natal enfeitava o seu enorme tronco com lusinhas e pisca, ficando belíssimo e repetia todos os anos. Era mágico!

O clima começou a mudar muito devido à ganância e a estupidez dos homens e a natureza resolveu dar o troco, então começaram a ter muitas tempestades, ventos muitos fortes, que por onde passavam faziam destruição, derrubava árvores, casas... Caos completo.

Poliana viu o céu escurecer, raios, trovões, ventos fortíssimos, vizinhos gritando e quando ela olhou o seu salgueiro deitava quase até o chão e ia bem perto da parede, do telhado, a tormenta demorou duas horas, os galhos do salgueiro batia forte na vidraça... Depois, vindo à calmaria, muitos galhos no chão e medo. E essas chuvas continuaram.

As amigas e família vieram visitá-la e todos a aconselharam a cortar o salgueiro, pois ele cresceu tanto, tanto que estava pondo em risco a casa e a sua vida.

Ela, abraçou o enorme salgueiro. Pediu desculpa e explicou-lhe que teria que corta-lo pois ele havia crescido muito e estava com medo. Pediu desculpa também aos pássaros, fez uma oração ao céu para que cuidasse dele e finalmente das suas flores replantou-as em vasinhos. Daquelas mudas a que vingasse ela ia plantar em um vaso para ter sempre um pedacinho dele com ela.

O barulho da moto serra era ensurdecedora, sentada no chão do seu quarto, chorou muito, parecia que estava cortando um pedaço da sua alma. Tão lindo e agora no chão inerte e ficou lembrando desde o primeiro dia que ele chegou tão faceiro... Perdia um grande e lindo amigo.

Dois bem-te-vis no fio do poste gorjeavam bem alto, como se pedissem socorro!

Ela não chorou pelo chorão e sim pelo salgueiro!

E duas mudas nasceram e já estão tão lindas, balançando ao vento com suas folhinhas prateadas...parecendo cristais e brilhantes...

Do meu livro: O Milagre da Vida

Sonia Maria Marques
Enviado por Sonia Maria Marques em 26/04/2013
Código do texto: T4260409
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