No tempo de colher a mandioca, entre os meses de junho e julho, a casa ficava cheia, forneiro, prenseiro, raspadeira de mandioca, gente de todo jeito e idade com diversificadas habilidades em trabalhar a mandioca.
Era muito animado. Os primos se ajuntavam em volta do amontoado de mandioca, disputando quem conseguia raspar mais. Os homens faziam girar a bandoleira, prensavam, peneiravam a massa e torravam a farinha. A mulherada, raspava a mandioca que era empurrada pelo banqueiro na boca do caititu. Trabalhava-se cantando bonitas toadas, em moda na época: “Olê muié rendeira, olê muié rendá, tu me ensina a fazer renda, que te ensino a namorar...” Logo que terminava uma música, alguém já puxava outra: “ Eu tava na peneira, eu tava peneirando, eu tava no namoro, eu tava namorando. A meninada descascava a macaxeira, Zé Migué no caititu, eu e ela na peneira...” Tudo se fazia cantando, com isso, o serviço pesado parecia mais leve.
No final do dia, os solteiros armavam suas redes nos esteios do aviamento e dormiam. Os casados voltavam para suas casas levando enormes e deliciosos beijus feitos no formo.


Créditos: Neomísia Antonia de Sousa. Genealogia e Memórias de uma Família.Organização: Adalberto Antônio de Lima.
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