A Madre Superiora mandou chamar Eleonora em sua sala, a moça, apreensiva apressou-se em atender o chamado, bateu a porta e  entrou. A freira estava sentada em sua mesa, mandou a jovem sentar e após escrever algo em um envelope, levantou a cabeça e olhou sorrindo para a bela  jovem morena de cabelos negros e olhos grandes negros e expressivos. A Madre Albertina era austera  mas gostava muito de Eleonora a qual chamava Nora, assim como todas as freiras do Orfanato.Nora, que  viera para o orfanato que o convento mantinha, aos oito anos, de idade   quando sua mãe, uma jovem viúva que costurava para as crianças do orfanato e também para as freiras, faleceu, deixando a menina  aparentemente só no mundo. Não foi difícil para Nora ficar no orfanato, pois antes de perder a mãe, embora tivesse sua casa âs vezes dormiam no convento por conta do trabalho da mãe. Já haviam se passado dez anos, Nora completara 18 anos dentro três anos, quando faria vinte e um anos, no entanto, há aproximadamente três meses,  deveria deixar o orfanato.        A Madre Albertina recebera uma carta que vinha de uma outra cidade e quem escreveu dizia ser uma tia avó de Eleonora, uma senhora abastada que se dizia irmã da avó paterna da moça e reivindicava o direito de cuidar de sua formação responsabilizando-se assim de ora em diante pelo seu futuro. A freira pediu então documentos que comprovassem essa afirmação e em pouco tempo recebeu todas as provas que havia solicitado e agora  chamara a jovem para informá-la da decisão do convento de entregá-la aos parentes uma vez que achavam muito menos preocupante sabê-la em casa de parentes do que morando em pensionatos e vivendo por sua própria conta.                           Nora, sentada na cadeira ouvia tudo que a Madre lhe dizia, estupefata pois nunca soubera que tinha uma tia avó e muito menos abastada mas apesar de saber que sentiria saudades da convivência no orfanato,  compreendia que era melhor assim, era para o seu bem.   Três dias depois da conversa com a Madre Albertina, chega ao orfanato a senhora Gertrudes e seu marido Dr. Teodoro e na sala da Madre Nora encontra os parentes e após as  apresentações necessárias Dona Gertrudes fala para Nora da intenção de levá-la para morar em sua casa, diz que não tem filhos e que ficaria muito feliz em cuidar dela, em preparar-lhe um belo futuro, incluindo um bom casamento, pois o Dr. Teodoro é um homem de ótimas relações e uma moça bonita como ela, facilmente encontrará um bom partido para casar-se. Nora sentiu-se pouco a vontade com o casal, não gostou muito do Dr.Teodoro  que pareceu-lhe bem pedante.             Um mês após a conversa no convento Dona. Gertrudes, foi buscar Nora em um moderno e luxuoso carro, Nora emocionou-se ao despedir-se das freira e das amigas de tantos anos mas foi com Dona Gertrudes calma e serena;. A moça foi muito bem recebida pelo Dr.Teodoro e por Veridiana a Governanta que levou-a,imediatamente para o seu quarto e disse-lhe que o almoço seria às 12 horas para não atrasar o Dr Teodoro. Aos poucos  Nora foi conhecendo a casa era tudo com simplicidade, mas muito limpo e arrumado com bom gosto.   Toda semana Nora escrevia para a Madre Albertina de quem sentia muita saudade e falava de tudo que estava acontecendo e de como sentia-se em sua nova vida. Contou-lhe na última carta que estava estudando para tentar ingressar em uma faculdade, embora Dna.Gertrudes achasse desnecessário uma moça que pretendia casar-se um dia, estudar tanto, ela achava que a mulher havia nascido para ser esposa e mãe, do que Nora discordava completamente, principalmente porque Dona Gertrudes já tinha lhe arranjado um pretendente à sua mão e que Nora havia dispensado, deixando Dona Gertrudes um tanto decepcionada. Dona Gertrudes chamou Nora um dia ao escritório do Dr.Teeodoro e lá o casal comunicou-lhe que ela iria comprar npvas roupas e passar a ir com eles às festas e reuniões de seus amigos para conhecer moças e rapazes de famílias importantes e ricas. E assim após essa conversa, Nora passou a sair frequentemente com o casal que fazia questão de apresentá-la á rapazes, filhos de homens que ocupavam cargos de expressão no serviço público e homens que detinham um alto poder aquisitivo, por serem industriais e comerciantes mas Nora não envolvia-se com ninguém.         Era na escola que Nora sentia-se melhor, livre, entre jovens como ela. Foi lá que ela conheceu o Fernando, rapaz alegre e bonito,  e logo apaixonaram-se. Fernando havia dito a Nora que trabalhava em uma fábrica de E letros Eletronicos mas nunca comentava nada sobre seu trabalho, nem sobre sua família    Em casa, a jovem ouviu uma conversa e descobriu que Dna. Gertrudes e Dr. Teodoro haviam delapidado o próprio patrimônio. Conversando com Veridiana que falava muito, ela ficou sabendo das estrondosas recepções que o casal oferecia aos políticos e empresários para angariar assim mais clientes e amigos ricos, então ela entendeu porque a pressão para que ela arranjasse um pretendente rico e se casasse; a vida de Nora e Fernando seguia as mil maravilhas até que um dia Nora levantou-se  pela manhã, passando muito mal que nem pôde ir à escola passaram-se três dias e ela não melhorava, falou com Dona Gertrudes e ela levou-a ao médico e quak não é a surpresa de Nora e Dona Gertrudes quando a médica lhes informa a gravidez de Nora. Dona Gertrudes indignada disse a Nora que arrumasse seus pertences e saísse de sua casa, deu-lhe as costas e deixou-a sozinha. A moça desesperou-se e correu a procura de Fernando em seu emprego, no escritório em que ele estava trabalhando ultimamente.   Quando chegou a recepção e pediu para falar com o Fernando Rodrigues Limeira, a jovem recepcionista, repetiu o nome perguntando quem queria falar, Nora não entendeu e completou dizendo,  ele tem pouco tempo aqui, creio que está fazendo estágio. A moça da recepção olhou para ela e disse que não era bem assim, o Fernando era filho do Dr. Basílio, dono da empresa, Nora pega de surpresa pois Fernando nunca havia lhe revelado ser o filho do dono da empresa , saiu rapidamente e foi emboraA noite, o Fernando telefonou para a casa de Dna. Gertrudes e Veridiana chamou Nora que estava em seu quarto abatida e desanimada, o rapaz disse que soube que ela estivera procurando por ele e gostaria de falar-lhe,  explicar-lhe o porquê de sua omissão. Encontraram-se alguns minutos depois e Fernando  perguntou porque a moça o havia procurado e ela contou-lhe sobre a gravidez. O rapaz desabou, ficou nervoso, preocupado e disse que isso nunca poderia Ter acontecido, pelo menos não nesse momento. Nora insegura e desconfiada perguntou a ele por que não havia lhe contado que era o filho do patrão, Fernando tentou explicar que não gostava de falar das condições financeiras de sua família, as pessoas poderiam pensar que ele estava querendo contar vantagens e Nora disse: - mas, eu não sou qualquer pessoa, sou a sua namorada e não entendi sua atitude, fiquei meio perdida. Fernando nervoso que estava, disse meio áspero: - isso tudo é bobagem frente ao problemão que temos que resolver agora, temos que dar um jeito nessa gravidez. Nora perplexa  perguntou:  - como, um jeito, que é que você quer dizer com isso ? eu entendi bem, ou,...você está querendo falar de um aborto, é isso?;- e existe outra solução?  você conhece outra, eu não conheço!       Nora começou a chorar e Fernando nervoso abraçou-a dizendo, calma meu amor, calma, acharemos  uma solução, não fique assim, deixe-me pensar. A moça saiu dos seus braços e olhando-o nos olhos falou; - eu pensei que a solução seria nos casarmos, afinal, nós nos amamos não é?, eu te amo, e você, me ama, não ? – claro querida, eu te adoro, mas, procure entender, não temos nenhuma condição de casar agora, meu pai,... bem, meu pai tem planos para mim e isso atrapalharia  entende querida, temos que arranjar um outro jeito.  Vá para casa, eu vou falar com papai,e amanhã nós já teremos a solução. Nora foi para casa com o coração apertado e não conseguiu dormir a noite inteira, pensava em tudo que a Madre Albertina sempre lhe dissera sobre como era o mundo fora do orfanato, os riscos, as decepções, as mentiras, levantou-se da cama, arrumou suas malas,apenas com o que trouxera do orfanato e voltou para seu lugar.      Já amanhecia o dia quando Nora saltou da velha lotação que parava em frente ao convento e lá no portão ela puxou a corda do sino e uma freira veio até o pátio, olhou para o portão e reconheceu Nora, veio correndo abri-lo, a jovem olhou para o céu e viu os primeiros raios de sol e pensou, ele hoje está nascendo para mim  e dizendo que Amanhã Será Outro Dia.

 
Szzamira
Enviado por Szzamira em 20/04/2013
Código do texto: T4250667
Classificação de conteúdo: seguro