ENTRE MULHERES

- Alô...

- Alô, quem fala?

- Oi Luiza, sou eu... Amanda!

- Oi, Amanda, tudo bem?

- Tudo, e você?

- Maravilhoso...

- E a vida de casada?

- Tudo de bom amiga. Como é bom ser rica. Ter tudo o que se quer...

- Fico feliz por você... Sumiu...

- É, com todo o respeito, não tenho mais nada a fazer aí...

- É, você sempre quis sumir daqui.

- Isso não é vida, Amanda. O negócio é viver a vida com tudo o que se tem direito.

- É, deve ser legal.

- Muito bom!!!

- Sabe, o Diogo?

- Diogo, o que aconteceu com aquele “traste”?

- Ele vai casar.

- Ca... Ca... Casar? ..

- Bem, como ele foi seu namorado por muito tempo...

- Não me lembre este tempo de trevas amiga...

- Mas, vocês foram felizes...

- Felizes? Num outro tempo, quando eu acreditava que só o sentimento garantia a felicidade...

- E você simplesmente o deixou.

- Claro, abandonei pra casar com o Rodrigo, o rapaz mais rico da região.

- Soube que ele quase morreu?

- Fazer o que? Coisas da vida. Mas me diga, com quem ele vai casar?

- Comigo.

- Com você!?

- Sim. Vamos nos casar.

- Logo você?

- Sim, estamos construindo uma vida juntos...

- Uma coisa bem provinciana... Bem pobre...

- Só te liguei por ser sua amiga. Achei importante você saber por mim.

- Ta... Obrigado pela parte que me toca... Preciso desligar agora...

- Tudo bem. Obrigado pela compreensão. Seja feliz... e adeus.

- Tchau...

Luiza desligou o telefone. Olhou num espelho próximo. Passou uma das mãos na marca roxa no olho esquerdo. Depois “desabou” num choro sofrido de saudade.