CRÔNICA DOS DIAS DE HOJE

Estou eu num dia chuvoso no meu carro novo. Paro no sinal fechado. O trânsito está todo engarrafado e os motoristas desanimados. Mas é só o sinal abrir, que todos se vão, menos eu.

- Nossa! Como este povo é rápido! - exclamo. Para onde estou indo?

- me pego pensando. Sei lá. Nem sei porque estou dirigindo! Não tenho carteira!

E assim o tempo vai passando até que, subitamente, sou interrompido em meus pensamentos. Desta vez é um estampido que estilhaça o para-brisa. E eu me vejo saindo pela frente do carro e vou subindo, subindo...

- Como é que pode?! Quando foi que soltei o cinto? Desde quando posso voar como o Super Homem!! - exclamo.

Olho para baixo e vejo um pequeno grupo de pessoas que já se formou ao redor do meu carro. Digo para mim mesmo:

- Estranho! Meu carro é branco. Como pode estar vermelho? Pera aí.

No fundo no fundo, acho que começo a entender o que está acontecendo. Uma bala perdida me atingiu. Estou morto!!?? Começo a gritar:

- Não! Deve haver algum engano. Não foi isso que combinei.

Então novamente paro de falar ao notar um facho de luz lá no céu. Apesar de bem assustado, volto a me queixar:

- Poxa vida, não é minha hora! Não quero ir embora.

No entanto, sou envolvido pelo calor desta luz, e me acalmo um pouco. Porém como sou de natureza teimosa, volto a exclamar num tom

um pouco mais baixo:

- Ah, me deixa voltar.Tem tanta coisa que não tive tempo de fazer.

E passo a chorar baixinho. Aí, de novo, vem um solavanco.

- Quê! Mãe? Você está aqui também? - digo apavorado.

- Aqui onde, João? Que confusão é esta, menino? Estamos em casa. Tá maluco? Acordei com você gritando enquanto dormia. É isto que dá. Fica até tarde vendo estes filmes violentos, e depois tem pesadelos.

- Ufa! Essa foi por pouco. Mãe, dorme aqui comigo.

- Tá bem, mas só por hoje.

E aí, agarradinho a minha mãe, volto a dormir e daqui a pouco, estou a sonhar de novo. Desta vez me encontro num campo de futebol.

É um clássico em final de campeonato. Estou para bater o pênalti, nos acréscimos do segundo tempo, quando... - ah, esta é outra história.

Beth Rangel
Enviado por Beth Rangel em 19/04/2013
Reeditado em 29/10/2013
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