AQUELA MENINA
 
Seus lindos olhos azuis me encantavam profundamente, pareciam duas safiras brilhando ao sol. Sua pele era  rosada e seus cabelos encaracolados e amarelos pareciam fios de ouro caídos sobre os ombros.

Todos os dias ao sair para o trabalho, no portão de casa, aquela imagem me chamava atenção. Morava com sua mãe na casa mais pobre da rua, bem defronte a minha, tornando impossível não vê-la todas as manhãs.

Debruçada sobre a soleira da janela sorria e acenava para todos que passavam pela calçada quebrada, inclusive pra mim que correspondia imediatamente.

A tarde quando voltava do trabalho já não a via e ficava a imaginar o que estaria fazendo dentro daquela casa com paredes caídas e sujas.

Na época enxergava naquela linda menina um futuro promissor pela beleza e simpatia que carregava e hoje ao vê-la percebi o quanto sua beleza se tornou desnecessária.

Depois de alguns anos voltei a vê-la ainda carregando pequenos vestígios da beleza que por algum tempo deve ter-lhe feito se sentir como rainha.

A natureza foi generosa por lhe dar lindos apetrechos, mas a vida não mostrou nenhuma generosidade nos momentos em que os mesmos  poderiam lhe proporcionar   algumas vantagens.

Fiquei sabendo que a beleza e simpatia lhe proporcionaram apenas assédios,  filhos pra criar e muito sofrimento. Isto chamou ainda mais minha atenção, talvez pelo fato de ter feito falta no processo que a levaria a um futuro promissor que pra ela um dia imaginei.

 
Jorgely Alves Feitosa
Enviado por Jorgely Alves Feitosa em 10/04/2013
Reeditado em 19/10/2018
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