ELAS UM PRESENTE DO ASTRAL
ELAS, UM PRESENTE DO ASTRAL
O astral conspira a nosso favor o tempo todo e nós, reles mortais nem sempre percebemos, por conta da correria, por vezes demoramos algum tempo para receber o que nos foi reservado por algum motivo, por mérito, ou para aprendizado, para crescimento espiritual, e às vezes até mesmo para contemplar o que a vida terrena tem de bom como também celebrar com amigos e amigas de outrora, que reencontramos aqui e ai meus queridos, quando este encontro acontece temos que felicita-lo, brinda-lo, exalta-lo por toda eternidade, assim como pretendo fazer nessas humildes linhas, que com toda certeza não irão caber a dimensão deste encontro, mas vocês poderão ao menos imaginar como é, e mais olhar ao seu redor e perceberem os seus encontros. De antemão agradeço a vida, aos amigos espirituais que me permitiram este presente nesta altura de minha existência e claro agradeço a elas, todas elas sem exceção por serem quem são, por sua essência, por sua generosidade e por me permitirem fazer parte de suas vidas. Vou tentar descrever este encontro, se a emoção me permitir claro, mas se por acaso eu não conseguir, saibam que elas são muito mais do que simples linhas, cada uma delas, de certo da um livro, porém tentarei coloca-las todas aqui.
Bom vamos lá, em 2008 lancei o livro Mulheres incríveis, baseado em relatos de mulheres, focando suas atuações sociais e políticas no Rio de Janeiro, trabalho este fruto de minha monografia, porém os livros para venda chegaram somente em 2009, era a primeira edição e foram feitos poucos livros, e como eu falava o tempo todo deste trabalho, eu era uma verdadeira chata, eu acho, e ai quando começou o ano letivo os amigos da Escola Euclides da Cunha, onde lecionei por 3 anos, compraram o livro e uma amiga em especial a Conceição, me fez uma encomenda de três livros, porem acho que só pude vender dois, pois além dos livros serem poucos, varias pessoas queriam, e eu também dei um exemplar a cada uma das mulheres incríveis, que me doaram suas histórias para que o livro realmente existisse, diante disto a Conceição sempre me lembrava, assim que chegarem novos livros eu quero o que esta faltando, pois minha amiga vai adorar. Meus caros o ano de 2009 foi difícil para mim, foi quando descobri que estava com problemas no coração e surtei literalmente, e a edição dos livros ficou para depois, peguei uma enorme licença de saúde e só retornei no fim do ano, sabendo que talvez não voltasse no ano seguinte, e assim aconteceu por motivos outros eu pedi exoneração do cargo de professor da rede municipal de ensino no inicio de 2010, esta atitude me gerou um enorme vazio e como nada é por acaso eu para preencher o vazio da sala de aula comecei a escrever mais, agora coisas vinda de minha alma, coisas que via que vivia, enfim a partir daí me hospedei num site e o tempo foi passando, a dor sendo sanada pela escrita.
Quase no final de 2010, uma amiga me ligou e perguntou se eu gostaria de dar aulas de Sociologia, em um CIEP da rede estadual, seria somente um contrato, mas meus amigos meu coração palpitou e disse sim, claro, era a minha chance de estar novamente em uma sala de aula, eu achei que seria só isto, mas lá estava o caminho para chegar até elas, logo saberão o por que. Quando iniciei o trabalho encontrei a Flavia uma amiga da Escola Euclides da Cunha, e fiquei muito feliz, pois esta também é uma delas, uma pessoa boníssima que tive o prazer de conhecer e a partir daí Flavia sempre me dava noticias do pessoal da escola antiga e também levava notícias minhas e assim fechamos o ano.
Por ser um contrato não tinha ideia se trabalharia lá novamente, mas como nada é por acaso, novamente assinei contrato e agora no meio do ano, e ainda um dia da semana no mesmo dia da Flavinha, tudo como antes como vai o pessoal? E Bete? Bete é uma delas também, guerreira, amiga, gente e pra variar não da pra descrevê-la aqui. Um belo dia tive um sonho com a Conceição e no sonho ela dizia que queria muito conversar comigo, quando acordei me questionei, pois eu sempre conversei muito com Conceição, desabafava minhas mazelas, ela sempre me ajudou de todas as formas, porém ela falava pouco de si, fiquei pensativa e me veio uma ideia a cabeça, eu tenho aqui um livro Mulheres incríveis, vou mandar para Conceição dar a amiga dela, não tenho como autografar porque não lembro mais o nome da pessoa e junto escrevo um bilhete dizendo que estou por aqui, seja lá o que for e no dia seguinte fui a sala da Flavia e contei a ela o sonho e pedi que entregasse o livro a Conceição, e foi aí que a Flavia me contou que ela havia sofrido um acidente e ficou um bom tempo de licença, gente eu congelei, porque o astral, os amigos espirituais não erram, porque o tempo de errar é aqui e por isso voltamos e voltamos para acertar. Bom pra mim ficou tudo ali, alguns dias depois Conceição me ligou agradeceu e disse que havia dado o livro para a amiga dela, a Gracinda e conversamos fiquei feliz e tudo continuou caminhando, na minha concepção, mas aí num outro dia o telefone toca, eu atendo e do outro lado da linha a pessoa se identifica, Elaine aqui é Gracinda amiga da Conceição, recebi o seu livro gostei muito e gostaria de saber se pode participar do projeto lá da escola, “Conheça um escritor”, de pronto disse que sim, e a partir daí começaram os presentes da vida, quando cheguei à Escola Alba Canizares fui muito bem recebida e quando cheguei à sala de leitura para falar com os alunos, a emoção me tomou por completo, pois na sala de leitura tinham fotos minhas e alguns textos novos, os do site, imaginem a minha emoção foi tamanha e estavam lá Conceição, Gracinda e Milcar, e a Milcar se lembrou de mim, pois nos conhecemos na Escola de nossos filhos e como não acredito em coincidências, Anna Clara e Luis Rafael são da mesma sala, minha filha e o filho da Milcar, respectivamente, Milcar é a coordenadora da Escola e também uma pessoa boníssima, bom fui muito bem recebida, os alunos foram maravilhosos e até hoje guardo os textos que eles produziram, foi um dia mágico. Conhecer Gracinda por intermédio de Conceição estava escrito lá atrás em 2009, mas eu com a correria e entraves da vida só me permiti este encontro em 2011, Maria Gracinda uma pessoa amiga, humana, generosa passou a fazer parte de minha vida, ela compareceu há um lançamento do meu livro em Bangu, e sempre me dizendo que eu tinha que conhecer o grupo de amigas dela, elas se encontravam uma vez por mês, e que eu ia gostar muito, algumas delas tinham lido o livro e queriam me conhecer. Bom a Gracinda me ajudou a transcrever as entrevistas para minha dissertação, mas não foi só isso ela aturou minhas crises, todo dia eu ligava e dizia não vou conseguir terminar, a data de apresentar esta chegando e ela me confortava, tenho certeza que isso me fortaleceu e consegui chegar lá e terminar e pra minha surpresa quem estava lá na primeira fileira? Maria Gracinda, juntamente com minha mãe, minha filha, minha amiga Eliane, Profª Pomeia, e foi essa galera que me deu força para defender minha dissertação e na comemoração estávamos eu, Gracinda, minha mãe e Anna Clara, estão começando a entender o porquê “Elas são um presente do astral”, felizmente não para por aí. Certo dia Gracinda me ligou e perguntou se eu tinha algum compromisso, porque elas iriam se encontra na casa dela, disse que poderia ir, também queria conhece-las, foi um dia mágico, pois lá conheci: Clelia, Maria Marta, Nadir, Vera, Lucineia, Eliane, Glaucia, ali nasceu uma empatia muito grande, falamos de tanta coisa, a identificação com o grupo foi imediata, uma sintonia, um debate, tudo muito pulsante, sai dali pensando meu Deus ainda tem gente boa no mundo, obrigada por me trazer até aqui. Os laços agora estavam sendo feitos e aos poucos passei a ligar para elas, trocar informações, ideias até que veio o segundo encontro, na casa da Nadir, onde conheci mais algumas delas, agora a Ednea, Continha e Silvia, mas estavam presentes também Gracinda, Nadir, Clelia e Aina, filha da Nadir, neste dia elas viram o filme de minha dissertação gostaram muito, e durante nossa conversa percebemos que a Clelia é um arquivo vivo quando se fala do Rio de Janeiro antigo, levantando questões até sobre coisas que escrevi, servindo assim para uma melhor apresentação de meu trabalho, foi aí que Edneia disse, poderia pegar o depoimento da Clelia, falei, é verdade. Conhecemos as produções de Nadir com suas amigas que tem o nome de “Nós do barro”, são quadros, vasos, enfim arte de barro belíssimo trabalho. Neste dia voltei pra casa mais instigada ainda, quanta coisa eu aprendi, essas meninas são danadas.
Veio o terceiro encontro no mês passado que foi na casa da Silvia, onde foi pra mim um encontro de ideias, uma ebulição, o debate foi inflamado, porque havia ali vários saberes e correntes de conhecimento, importantíssimo. Neste dia conhecemos Nadia, Vanda, Selma, Lucia e a filha, Rubia cada uma delas carregadas de história, todas com uma história visceral, de vida, de experiências vividas, umas com dor, com suor, com lágrimas, outras com muito amor e dedicação dos pais, que impediram que a vida na infância e na juventude fosse uma tragédia, mas ao deparar com as tragédias de outras vidas, param e se perguntam, onde eu estava? Mas a pergunta talvez seja, porque não passei por isso? E de pronto a resposta esta nos pais, que de certo lutaram com muito suor e lágrimas para cria-las, tentando evitar que vivessem cedo as crueldades do mundo. Por isso digo que o encontro foi uma ebulição, outra com uma infância marcada pela passagem em um orfanato, fazendo-a pensar hoje, no ontem, pois hoje ela pensa que os pais só tiveram aquela opção, e talvez não tenham sido carrascos como ela pensou por algum tempo, sugeri até que colocasse essas experiências no papel, pois escrever nos ajuda a por pra fora nossas mazelas e refletir sobre elas, e a partir de um novo olhar o monstro de ontem passa a ser o bichinho de pelúcia de amanhã. Então deste encontro sai também querendo escrever sobre elas, marquei com Clelia e pretendo pegar o depoimento de outras também, pois acredito que seja de suma importância que o mundo nos conheça, conheça nossas histórias de força, ousadia e superação sempre.
No interim dos encontros pude conhecer melhor Vera, temos nos encontrado por assuntos afins e diversos e ela, sendo uma delas me traz a uma reflexão da vida muito grande, não sei se ela tem noção disso, mas temos trocado muito, aproveito aqui para dizer, Vera querida, sabe as vezes que te ligo e você retorna e ficamos ali por vezes uma hora ou mais no telefone, não tem preço, julgo que será assim quando eu sair da terapia, coisa que pretendo fazer, e as reflexões são enumeras, são desde a vida cotidiana, perpassando pela vida amorosa, espiritual, acadêmica e tudo o mais, agradeço por me ouvir, pela afinidade e pelo encontro.
Esta semana foi à vez da Silvia, recebi um e-mail dela dizendo que se apaixonou por meus textos e confesso, fiquei feliz demais, porque elas são tão experientes, não precisam me agradar, se gostam, gostam, liguei pra Silvia e conversamos sobre isso e ela queria comprar o livro, mas esta esgotado, enfim tenho que providenciar, pois agora as coisas estão acontecendo.
Não posso me esquecer da Ednea conversamos muito e ela contou ao Adilson seu marido, sobre minha pesquisa, sobre religião de matriz africana. Na verdade nosso encontro se deu na festa da Sonia, uma amiga em comum, e quando ela chegou à irmã da Sonia, a Norma, também uma grande amiga, me disse “você tem que conhecer uma pessoa que tem tudo a ver com você”, e quando eu estava saindo a Norma me apresentou a Ednea, e quando me apresentei e falei do livro, para minha surpresa e alegria ela disse “já ouvi falar deste livro”, foi Nadir que me disse, e nós três ali nos sentimos felizes, eu por ser recomendada por duas amigas, Norma por esta certa de que devíamos nos conhecer a muito tempo e Ednea não só pela coincidência de duas amigas estarem apresentando uma pessoa, mas também pelo seu lado mulher militante bom esta aí mais uma confirmação de minha teoria, que elas me encontraram e vamos nos encontrando em redes, redes essas que veem tecendo uma enorme colcha de retalhos ao longo de suas vidas, que não da para saber a dimensão e nem sei se elas tem a noção ou a dimensão desta enorme teia, colcha, rede e etc.. O marido da Ednea é do IPCN (Instituto de politica da Cultura Negra) e nesta colcha de retalhos tecida por elas fui ao IPCN conhecer o Benedito Sergio, atual presidente da instituição, falei do meu trabalho, conversamos muito e ele me levou para o aniversário do Zozimo Bubul e lá me apresentou a negrada, fiquei super feliz e aconteceu mais uma vez, quando ele me apresentou a Vanda Ferreira, logo lembrei que a Nadir o tempo inteiro dizia que eu tinha que conhece-la, disse isso a ela e a resposta da Vanda foi “estou a sua inteira disposição”, Benedito Sergio logo disse você tem que pegar o depoimento dela, da Lea Garcia que também estava presente, imaginem vocês o tamanho de minha emoção e para findar o dia reencontrei também Janaina (REFEM), que em 2009 ficou de transformar meu livro em documentário, ela novamente reafirmou o convite e sai dali extasiada, e mais uma vez pensando que esses laços de hoje começaram a ser tecidos em 2009, um ano depois do lançamento do livro.
Ainda seguindo a colcha tecida por “elas”, eis que fui à casa de Vanda Ferreira, coletar seu depoimento para Mulheres incríveis II, e em dado momento dos relatos desta negra valente, fui tomada pela emoção, emoção e encanto que emanava dela, da força dela e da vida dela. Com muito carinho e generosidade ela me concedeu seu depoimento que em breve, compartilharei com todos vocês. Este foi mais um presente delas pra mim e de certa forma acredito para a sociedade, de forma única e com a marca delas.
Esta semana somente para dar voz e corpo a minha teoria sobre “elas”, fui a um debate na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro prestigiar uns amigos, o Reinaldo e a Penha, e depois da tarde maravilhosa de debate sobre as nossas vozes, por tantos anos caladas, engasgas, por vezes sussurradas quase mudas, estamos ocupando todos os espaços falando da negritude e a câmara foi só mais um deles. No fim do encontro eu, Reinaldo, Penha e Carlos, amigo do Reinaldo tomamos um chope, e no Largo da Carioca paramos para nos despedir, foi quando no meio da conversa o Carlos disse “eu tenho uma prima que é diretora de escola na cidade de Deus”, antes dele concluir a frase olhei pra ele e perguntei, o nome de sua prima é Maria Marta? Ele perguntou “você a conhece?” Sim a conheço, Maria Marta faz parte de um grupo de amigas.
Estas linhas foram para elas, por elas, sobre elas, com elas, simplesmente tentando dar uns pontos na colcha de retalhos tecida por elas que nesta fase da vida estão me deixando fazer parte dela.
Segue a baixo um brinde da vida para mim e dedicada a elas, todas elas, minhas queridas espero que gostem:
A COLCHA DE RETALHO TECIDA POR ELAS
ELAS TECEM
SEM SABER
ELAS TECEM
SABENDO
ELAS TECEM
SEM QUERER
ELAS TECEM
QUERENDO
ELAS TECEM
AO LONGO DA VIDA
ELAS TECEM
VIVENDO
ELAS TECEM
O FIO DA VIDA
ELAS TECEM
COMO MÃES QUE GERAM SUAS CRIAS
ELAS TECEM
UMA MÚSICA SUAVE
ELAS TECEM
UMA SÓ CANTIGA, EM UMA SÓ NOTA
ELAS TECEM
JUNTAS, HÁ ANOS
ELAS TECEM
SABEDORIA, EXPERIÊNCIA E OUSADIA
ELAS TECEM
UMA COLCHA DE RETALHOS QUE VEM DE LONGA DATA
ELAS TECEM
COM AMOR, CARINHO E DEDICAÇÃO
ELAS TECEM
COM TECIDOS DIVERSOS, POR ISSO A COLCHA É FIRME E CABE SEMPRE MAIS UMA E MAIS UMA
ELAS TECEM
E TECERÃO ATÉ A ETERNIDADE
COM ARTE, COM SENSIBILIDADE E GRANDEZA
DE ESPIRITOS QUE VEEM DE LONGA DATA
AO ENCONTRO DE NOVOS PEDAÇOS
PARA SE UNIREM
A ESTA COLCHA DE RETALHOS
FEITA E TECIDA COM A MAIOR EMOÇÃO
DA VIDA
DELAS.