Fui liberto, e meu sorriso se restabeleceu.

Estava eu numa aflição de corpo e alma, algo que me deixou em xeque e toda a minha vida. Eu estava no poço. Eu senti as nuvens mais escuras sobre minha cabeça; as vibrações em escalas nunca antes vistas geo-tecnicamente. Eu estava em destroços, sem rumo...

Eu não sentia mais prazer em digerir qualquer alimento, em andar, em me expressar, e cada vez me encontrava mais antissocial. Tudo isso foi por mais um relacionamento na minha vida não ter dado certo. Dei meu coração, como um aluno que entrega uma maçã para a professora para ganhar a sua simpatia, mas, em troca, ganha votos de desconfiança. Eu dei meu coração, a pessoa aceitou, mas me deixou de lado como um livro empoeirado.

Fui traído, desprezado. Muitas vezes caí em prantos. Mas, como a tudo que parece ruim, aprendi a dar valor e ver os pontos positivos para o aprendizado. Quantas vezes sofri calado... Mas teve momentos em que não aguentei mais, e a desmotivação foi maior.

Aquela aflição de alma me deixou na beira de um precipício. Eu estava prestes a mergulhar. Eu ia saltar sem paraquedas.

Me joguei na cama e uma voz maligna me dizia zumbindo, sobre meus escombros, que eu nunca mais seria o mesmo, nunca mais iria sair daquele leito, nunca mais iria sorrir.

Naquela hora, a única coisa que surgiu em minha bocas foi: "Senhor, me cobre com teu sangue."

Então, em questão de segundos, senti algo entrar no meu leito, me dando força e me dizendo: "Levanta, vai para a laje e ora por quanto tempo tu aguentares. Muitos dirão que tu és louco, mas tu passarás e vencerás."

Então, aquela voz forte me deu forças suficientes para me levantar. Levantei e me conduzi até a laje. Muitos viram minha loucura; postei meus joelhos na laje e coloquei o celular de lado.

Pensando que Deus tomaria um caminho e aquela pessoa ligaria para mim, querendo realmente reatar comigo.

Mas Deus escreve em linhas tortas. Fracos somos nós que deduzimos algo, e Deus nos faz sempre o melhor.

Orei durante oito horas sem parar, meus joelhos adormeceram, meus olhos ficaram irritados de tantas lágrimas que caíam. Depois daquela longa oração, eu senti uma leveza, e aquela aflição de alma não me pertencia mais. Eu não sofria mais por aquela pessoa. Fui liberto, e meu sorriso se restabeleceu. Renato F. Marques