VELHOS AMIGOS
Dois homens de meia idade se encontram em uma praça pública da capital. Um deles ao se aproximar do outro abre os braços afetuosamente e exclama.
-Luiz há quanto tempo! E dá um forte abraço no outro.
-Olá Vitor, põe tempo nisso, prazer em revê-lo. -Ah, temos muito que falar. Luiz apontando para um banco. -Vamos sentar ali. No percurso até o banco, o celular de Luiz tocou, ele atendeu e passou a falar no aparelho, ao chegar ao banco, permaneceu de pé, Vitor sentou-se, após terminar de falar no celular, Luiz também sentou. -Meu amigo, há quanto tempo, mais de vinte anos, não?
-Sim, desde que sai de...
O celular de Luiz tocou novamente.
-Um momentinho Victor. Após um minuto e meio de conversa, guardou o celular. Sim é verdade, desde que você saiu do Brás com destino ao Rio, me conte aí, como foi sua vida nestes últimos vinte anos?
-Foram todos no Rio de Janeiro, estou...
O celular de Luiz toca.
-Chegou mensagem. Passou a ler e digitalizar mensagens. -Mensagem de texto é fogo Victor, se não respondo na hora, depois me perco. O tempo com as mensagens foi curto, três minutos. -Vitor então esses vinte anos foram no Rio, trabalhando em que?
-Caminhoneiro, se você lembra...
O celular tocou novamente, ele ficou de pé, e falou no celular.
-Aguarde um momento, é que estou com um velho amigo aqui na praça. -Vitor me passa o numero do seu celular, eu te ligo para continuar nossa conversa, acho que só vamos conseguir por nossa conversa em dia por celular, você percebeu que o meu não para de tocar, é uma loucura, não sei o que faria sem meu celular.
-Eu não tenho celular.
-É uma pena, mas não tem problema liga para mim de um fixo. E passou a Vitor seu cartão de visita.
-Mas...
-São muitas coisas Vitor, hoje tudo se resolve por celular, até uma conversa como essa que estamos tendo, até mais... E foi se retirando falando no celular.