Meu pecado

cutucou o nariz

nossa que nojo

troço mais estranho

bela como é

me dá uma dessas

deve ser a maior cagona

espero que não tenha ouvido

mesmo assim sendo

seria um prazer

ver-te de costas

piscando

no dia que cheguei desprevenidamente em sua sala

pude sentir todo aroma

dos gases acumulados em seu intestino

ficou pelo ar ainda muito

flutuando

cavando um espaço das minas de minhas narinas

todo rubro

seu rosto

sorriso amarelado

o meu pelo cigarro

pela maconha

por xícaras de café fumegantes

bombas despertadoras líquidas

postadas em locais estratégicos pelos patrões mais orientados

dormia pouco

ela sempre notou nas olheiras

a falta delas também mereceu atenção

desta vez agradeci o elogio

mas não estou magro é impressão

rebati com agressividade eu diria

mas que ironia

ela topou

no motel mais próximo

nem sei dirigir

vamos eu empresto o carro do meu pai

esqueceu que agora tenho carteira

ela disse confiante

nas semanas que se passaram

repetimos todos os dias

pelo menos três por vez

o mínimo

no máximo cinco

mas cai na bobeira de deixar o meu posto de trabalho

para saciar o caralho

to na rua

só faço isso por comodidade

agora vai ficar difícil

mas encontro uma garota que vou amar

queria mesmo era aproveitar do meu corpo

irônico?

meu amigo eu amei

amei com toda força

quem sou eu?

não sou ninguém

nada posso nada tem

aquele balão muchou

e desceu com violência

um ferro quente destes

só sente quem merece

sente

eu mereci

podíamos ...

não podemos!

só queria voltar ao...

o tempo já passou!

não gosto do ponto de exclamação

tire por si só sua conclusão

pois meu pecado maior

foi alimentar a ilusão ...

Marco Cardoso
Enviado por Marco Cardoso em 12/08/2005
Reeditado em 12/09/2005
Código do texto: T42109