memórias de guardanapo
O copo, tal qual minha cabeça, meio cheio, meio vazio. Mais à frente, dois olhos serelepes de sete anos bisbilhotavam a mesa falante e boêmia. Ora, não seria tão somente aquele punhado de cevada metida num copo. Ali, os sorrisos caminhavam descompassados, despreocupados. Vieram os pijamas, as pernas de índio. Vieram os cabelos amanhecidos e os olhos maquiados de pressa e de capricho. Ali, a inocência dos pés que não chegavam ao chão no banco de um bar eram o mesmo que a embriaguez concedendo passe-livre às palavras que não deveriam sair de mãos dadas pelos lábios um tanto soltos demais. Ali, caso perguntassem, entre um gaguejo amolecido e um motivo quase arquitetado, escaparia: era eu.