“Chegou um tempo em que a vida é uma ordem. É a vida apenas, sem mistificação”. (Drummond)
Como um raio a noticia correu o cortiço, de boca em boca se fez saber que seria hoje.
Os medos seriam rompidos e desfeitos os grilhões do sofrimento.
O odor fétido do esgoto a céu aberto aumentava a ansiedade em resolver logo a situação daquele povo tão sofrido e esquecido nos amontoados de casas e vidas. Desgraçadas vidas aquelas.
Raimundo enquanto sorvia sua aguardente de péssima qualidade fitava a favela. Os barracos desprovidos de recursos para se viver. De longe aquilo seria casa para alguém, um lugar que pudesse ser chamado de lar.
A falta de trabalho digno fez Raimundo vir parar ali no meio da merda, como ele sempre dizia.
Seus dias eram pesados, pois o trabalho na pedreira não era nada fácil, mas trabalho é trabalho e quem trabalha merece dignidade – pensava enquanto tomava mais um gole. O gole da coragem.
- Pai! Tá cheganu genti.- Mariazinha veio correndo avisar seu pai que o povo começava a chegar para a reunião. Tão esperada reunião.
Raimundo pôde ver nos olhos de sua filhinha certo orgulho por ela tê-lo como pai. E ele sentiu mais coragem por isso. Era preciso fazer algo para transformar a vida de sua família e a vida daquele povo.
Seria hoje...
- Homi. É isso que ucê qué fazê memo? Dolores pergunta com olhar apreensivo.
- É. Num tem vorta naum. Vai sê hoji!
- Minha Nossa Sinhôra das Lavadera!
- Dexa disso muié!
Mais um gole...
Inflando o peito para se encher de coragem
Raimundo se levanta e se dirige a laje onde o povo conseguiria vê-lo.
Levanta o punho direito e todos o acompanham num grito de guerra. Grito que abafou o estampido seco.
O tiro acerta Raimundo bem entre os olhos e sua expressão foi de surpresa. Surpresa fria como o piso onde numa poça de sangue ele deu o ultimo suspiro.
Não houve correria, não houve desespero. Houve somente o retorno silencioso de todos para os barracos fétidos e para suas vidas sem esperança.
Como se todos entendessem perfeitamente o recado.
Como um raio a noticia correu o cortiço, de boca em boca se fez saber que seria hoje.
Os medos seriam rompidos e desfeitos os grilhões do sofrimento.
O odor fétido do esgoto a céu aberto aumentava a ansiedade em resolver logo a situação daquele povo tão sofrido e esquecido nos amontoados de casas e vidas. Desgraçadas vidas aquelas.
Raimundo enquanto sorvia sua aguardente de péssima qualidade fitava a favela. Os barracos desprovidos de recursos para se viver. De longe aquilo seria casa para alguém, um lugar que pudesse ser chamado de lar.
A falta de trabalho digno fez Raimundo vir parar ali no meio da merda, como ele sempre dizia.
Seus dias eram pesados, pois o trabalho na pedreira não era nada fácil, mas trabalho é trabalho e quem trabalha merece dignidade – pensava enquanto tomava mais um gole. O gole da coragem.
- Pai! Tá cheganu genti.- Mariazinha veio correndo avisar seu pai que o povo começava a chegar para a reunião. Tão esperada reunião.
Raimundo pôde ver nos olhos de sua filhinha certo orgulho por ela tê-lo como pai. E ele sentiu mais coragem por isso. Era preciso fazer algo para transformar a vida de sua família e a vida daquele povo.
Seria hoje...
- Homi. É isso que ucê qué fazê memo? Dolores pergunta com olhar apreensivo.
- É. Num tem vorta naum. Vai sê hoji!
- Minha Nossa Sinhôra das Lavadera!
- Dexa disso muié!
Mais um gole...
Inflando o peito para se encher de coragem
Raimundo se levanta e se dirige a laje onde o povo conseguiria vê-lo.
Levanta o punho direito e todos o acompanham num grito de guerra. Grito que abafou o estampido seco.
O tiro acerta Raimundo bem entre os olhos e sua expressão foi de surpresa. Surpresa fria como o piso onde numa poça de sangue ele deu o ultimo suspiro.
Não houve correria, não houve desespero. Houve somente o retorno silencioso de todos para os barracos fétidos e para suas vidas sem esperança.
Como se todos entendessem perfeitamente o recado.