MISTÉRIOS DE SEU JOSÉ
(Conto-fato real)Autor: Zé Renato Rodrigues
Era 10 de dezembro de 2011, aproximadamente 9h da manhã, quando o interfone tocou e o porteiro do prédio anunciou que WANDO, da dupla sertaneja NANDO & WANDO estava na portaria. Mandei subir. WANDO cumprimentou; pedi que ficasse a vontade, e fui para o quarto chamar o meu filho Rodrigo, pois imaginei que se tratava de ensaio, uma vez que, Rodrigo estava atuando como músico na banda de NANDO & WANDO. Wando, um tanto desapontado, disse-me:
- Não Zé Renato, não é sobre ensaio não. É que ninguém conseguiu entrar em contato com você, por isso vim até aqui. O Bruno seu filho sofreu um acidente às 2h20 da madrugada. Tomei a palavra dele, e respondi:
-Wando, o Bruno morreu, pode falar! Wando retomou o assunto rapidamente:
-Na verdade ele foi o mais prejudicado dos ocupantes do Palio, mas fique calmo, o Nando já esteve no PS do Hospital Santa Marcelina, onde foi socorrido, e chegou falar com o Bruno, ele passa bem.
Acordei o Rodrigo e fomos para o Hospital. Minha vontade era que todos os semáforos estivessem abertos, ou transformar o carro numa aeronave para ver meu filho Bruno em fração de segundos. Chegando lá, me deparei com ele em uma maca numa sala de observação. Falei com ele, ele estava lúcido, porém, notei algo que não me agradou, dois frascos drenando sangue. Sem saber a procedência, mas preferi não movimentá-lo na maca, e procurei falar com o médico plantonista que o atendeu. Assim entrei no consultório, e me identifiquei pai do Bruno. Essa foi a primeira palavra que o Dr. Leonardo me disse:
- Se prepare para o que você não quer ouvir, o quadro do seu filho é gravíssimo: “Perfurou o pulmão esquerdo, perfurou o rim esquerdo, o baço está comprometido, quebraram 6 costelas, trincaram 3, trincou a bacia, e 3 fraturas no braço esquerdo”. Eu viajei fora de mim, precisando desabafar, mesmo entendendo que o tempo do médico é limitado, mas resumi minha vida em segundos: “Dr., nem bem recuperei de um trauma, perdi a mãe dele, minha querida esposa, por uma fatal enfermidade, pedaços dela ainda é motivo pra eu viver, amo muito meus dois filhos que ela deixou, e a esperança que acabo de receber em relação ao Bruno, são minúsculas, não é”? O médico detalhou que a ocorrência policial constatou uma violenta colisão de um veículo que atravessou o farol vermelho em um cruzamento, atingindo a lateral do banco carona, em que o Bruno viajava. E no impacto o carro foi arremessado em um poste. Explicou que quebraduras não se tratava de nada sério, o grave era a perfuração do pulmão e do rim e o comprometimento do baço. “Portanto encaminhei com urgência para a UTI do convênio dele, Hospital Avi Senna. Será conduzido numa ambulância especial, isto é, com UTI móvel”, Completou.
Tarde de domingo triste nos esperava no Hospital Avi Senna. Às 14h15 a ambulância estacionava em frente ao Hospital. Pensativo eu caminhava pela rampa que leva até a UTI. Parei na porta, porque o acesso não é permitido ao acompanhante. Passei a noite sem dormir e na segunda-feira me dirigi ao trabalho, sem a mínima condição psicológica. Minha ansiedade era muito grande. Às 12h30 estava eu na porta da UTI, aguardando para fazer visita ao meu filho querido. Como cheguei adiantado, a visita iniciava às 13h00, para me entreter tirei uma foto da placa da UTI, com o celular. Quando a visita foi liberada, entrei visitar o Bruno. Os 15 minutos parecia ter sido 2 segundos. Também tirei uma foto do Bruno no leito, com o celular, mesmo sabendo que não é permissível, mas eu quis registrar uma imagem recente dele; pois a sua presença, eu poderia ter por não muito tempo. Terminando a visita, com o coração apertado deixei meu filho e fui até a sala do médico que o acompanhava, Dr. Vladimir, para saber do seu quadro clínico. “A esperança, temos que manter, mas o caso dele é muito grave, não sei se está sabendo que há um dreno no pulmão e no rim para retirar o sangue comprometedor destes órgãos? Vai depender de como o organismo dele reagir”, disse o médico. Abalado, sem saber o que fazer, a não ser orar muito, aliás, orar, ou seja, rezar não é uma prática minha, adoro conversar com JESUS CRISTO, com DEUS, o PAI CRIADOR; e assim meu diálogo era constante, com as DIVINDADES SUPREMAS DO ALÉM. Os dias foram passando e, lembro-me que, numa quarta-feira, portanto o quarto dia que o Bruno estava na UTI, e nada de reagir à medicação. Cada vez que eu falava com o médico, meu coração acelerava, porque a qualquer momento eu poderia ouvi-lo dizer que teria de retirar o rim, inclusive o baço por ser um tecido flácido, porque não estava reagindo à medicação.
Recordo que foi neste quarto dia que o Rodrigo, meu filho mais novo, foi comigo visitar seu irmão, e quando terminou a visita, nós dois choramos juntos no corredor da UTI, pela pergunta do Bruno, “será que vou sair dessa?" No momento da pergunta fomos fortes o suficiente para animá-lo. Eu não quis esconder mais do Rodrigo, ao sairmos da UTI, tentei informar o que ocorria com o quadro clínico do Bruno, então começou a chorar, eu confesso que fui fraco, não resisti, chorei também. O Rodrigo disse: “Só virei novamente visitá-lo depois que retirar os drenos”. O Rodrigo foi embora e eu aguardei para falar com o médico. O quadro clínico mantendo estável, porém inspirando grandes cuidados e preocupação.
Já estava na quinta-feira do quinto dia que o Bruno estava na UTI, e eu dormindo alguns minutos na noite. Todo o tempo que eu tinha, noites à dentro, madrugadas à fora, nas ruas e nas calçadas, era conversar com DEUS, pedindo a recuperação do Bruno, mas em nenhum momento fui egoísta, nas minhas preces eu deixei claro com JESUS, para ELE determinar aquilo que fosse melhor para o Bruno e para mim, a vida terrena ou a celestial.
Saí do meu serviço ao meio dia, fui pegar o metrô na Praça da Sé, me deu vontade de comprar um livrinho de bolso, o qual há muitos anos eu havia tido, “Minutos de Sabedoria”, do Autor Carlos Torres Pastorino. Rapidamente entrei na livraria Edições Paulina, comprei o livrinho e rumei ao Hospital Avi Senna. Visitei o Bruno, ele perguntou do Rodrigo, se estava tudo bem, respondi que sim. E disse que ele não podia sair do serviço todos os dias, em horário de visita.
Ao terminar a visita, sentei numa cadeira na porta da UTI, cabeça baixa comecei a chorar, imaginando os futuros dias, quais segredos guardavam. Naquilo, um Srº de aproximadamente 70 anos de idade, cabelos grisalhos, com gesto sereno, tocou em minha cabeça. Olhei para ele e ouvi suas primeiras palavras:
- Moço não chora, se você acredita em JESUS CRISTO, não precisa chorar, acalma-se! Eu comecei a falar do quadro que o Bruno se encontrava, ele respondeu:
- Dê a ele um livrinho, Minutos de Sabedoria, é pequenino, de bolso, é bom em qualquer ocasião, é consolador, é sabedoria. Bati a mão no bolso e disse:
- Coisa incrível, eu conheço faz muito tempo, mas começou perder páginas, foi se desfazendo, hoje me deu vontade de comprar outro. “Dê um a ele, são palavras de sabedoria, são letras iluminadas”, completou. Tive fortes arrepios no braço, e disse a ele:
- Tenho um blog com este título, LETRAS ILUMINADAS. “Então, pense em escrever um livrinho de alto ajuda com esse título!”, disse o Srº. Como se soubesse que o Bruno estava lúcido, insistia que eu levasse um livrinho Minutos de Sabedoria para ele.
Aquele Srº, aos poucos, com sua mansidão me tranquilizava. E repetidamente ele dizia: “As nossas dores, nosso sofrimento, é JESUS CRISTO batendo em nossa porta, querendo entrar”. Ele afirmava que, a nossa fé aumenta somente com o sofrimento. Eu me sentindo tão à vontade, até porque desde criança adorei pessoas de idade, perguntei seu nome:
- Eu me chamo José.
- O Senhor está aqui, com certeza tem algum familiar ou amigo internado?
- Sim, meu irmão mais novo.
Colocou a mão em meu ombro, e disse-me, vamos até o saguão, preciso saber dos diagnósticos do meu irmão. Ele caminhava com dificuldade, e lentamente chegamos até o saguão. Não havia lugar para sentarmos, ficamos conversando um pouco em pé, até que ele comentou que iria resolver assuntos sobre a internação do seu irmão, porque iria demorar para ser atendido, mas que retornaria. Fiquei com pena de ter se retirado de mim, fiquei olhando ele caminhar pelo corredor. Numa rápida distração, quando voltei os olhos para ele, não mais o avistei, e senti fortes arrepios pelo corpo.
Fui o último a ser chamado, o médico sempre queria falar muito comigo. Quando entrei na sala, até a secretária sorriu de emoção, ao ouvir o médico falar:
- Pai, você vai ficar feliz. Se continuar assim amanhã vou retirar o dreno do rim, e permanecerá somente o dreno no pulmão. É impressionante, ontem estava sem bons sinais, hoje as tomografias apontam uma melhora de 90%.
No outro dia, o médico se surpreendeu ainda mais, o pulmão apresentava reações positivas, em relação à medicação; então, o mais breve retiraria o dreno e o aparelho de auxílio respiratório. Resumindo, no dia seguinte foi retirado o dreno do pulmão, no sétimo dia que permanecia na UTI foram retirados os aparelhos que ajudavam na respiração e no nono dia teve alta da UTI. O meu desespero amenizava dia a dia. Foi para o quarto repousar e a cirurgia das fraturas do braço seria marcada.
Algo causava estranheza, quando dei fé que nunca mais vi seu José. Ou seja, foi uma única vez que falei com aquele Srº dotado de saber, meiguice e mansuetude admirável. Comecei então fazer perguntas aos enfermeiros da UTI, que frequentemente faziam visitas para o Bruno. Ninguém conhecia seu José. Comecei a investigar disfarçadamente, até mesmo no setor de internação. As respostas eram as mesmas: “Como se chama o irmão do seu José? Qual o sobrenome dele?” Nada disso eu sabia, além de, seu José, um Srº de aparentemente 70 anos, cabelos grisalhos, de olhar sereno e palavras consoladoras.
Assim que o Bruno se recuperou, fez a cirurgia do braço, para colocar pino nas fraturas. O Natal de 2011, passei com o Bruno no leito do Hospital. Mas posso afirmar que, o presente mais valioso em toda minha vida, eu ganhei no Natal de 2011: “o Bruno de volta para a vida terrena”.
No dia 26 de dezembro, numa segunda-feira o Bruno recebeu alta do Hospital. Dia pós dia, meu filho se restabelecia. E eu, sem tirar seu José da minha mente. No pensamento parecia ouvir seu José no corredor da UTI me dizendo: “leia Minutos de Sabedoria, dê um livrinho a ele, são palavras consoladoras”. Analisando tudo o que ocorreu, fiz um propósito comigo, de pelo menos um domingo por mês fazer uma visita em hospitais, e doar um Minuto de Sabedoria, seja para paciente, acompanhante ou visitante. Minha primeira doação foi no dia 08 de janeiro de 2012. É claro que no domingo dia 01 de janeiro de 2012, passei com meus filhos.
Outra coisa que liga ao enigmático episódio, é seu José ter comentado que Minutos de Sabedoria, são letras iluminadas, quando naquele momento admirado com as palavras telepáticas que seu José me dizia, eu respondi: “nossa, eu tenho um blog com esse título, Letras Iluminadas”. Ele então recomenda para que eu escrevesse um livrinho com o título, Letras Iluminadas.
Também jamais esqueço o que seu José me dizia repetidamente, que quando estamos passando por dores e sofrimentos, é JESUS CRISTO batendo em nossa porta, querendo entrar. Dando explicação que, quando algo desagradável acontece em nossa vida, é JESUS CRISTO, com toda sua sabedoria nos chamando para ensinarmos a viver. Ou seja, sofrer no presente, para sermos mais felizes no futuro, com o conhecimento da espiritualidade e disciplina DIVINA.
Eu adotei o conselho de seu José, pretendo escrever um livrinho de bolso, com o título (Letras Iluminadas); mas será que encontrarei seu José, para presenteá-lo com um livrinho autografado? Passam dias, passam noites, porém não passam da minha lembrança as palavras consoladoras na voz mansa, daquele sábio senhor de olhar sereno e gestos humildes.
Mas quem será seu José? Um ser humano realmente habitável na vida terrestre? Será um ANJO protetor meu, ou do Bruno? Talvez de nós dois? UM SANTO ESPÍRITO DE LUZ que intercedeu a JESUS CRISTO, para que não levasse o Bruno tão cedo para o mundo da espiritualidade? Ou será o próprio JESUS CRISTO, e seu irmão mais novo, se referia ao Bruno? Portanto, entre tantos milagres que já recebi em minha vida, agora deixo registrado mais um, neste conto de real descrição, o qual dei o título: “MISTÉRIOS DE SEU JOSÉ”.
Contatos:
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- Não Zé Renato, não é sobre ensaio não. É que ninguém conseguiu entrar em contato com você, por isso vim até aqui. O Bruno seu filho sofreu um acidente às 2h20 da madrugada. Tomei a palavra dele, e respondi:
-Wando, o Bruno morreu, pode falar! Wando retomou o assunto rapidamente:
-Na verdade ele foi o mais prejudicado dos ocupantes do Palio, mas fique calmo, o Nando já esteve no PS do Hospital Santa Marcelina, onde foi socorrido, e chegou falar com o Bruno, ele passa bem.
Acordei o Rodrigo e fomos para o Hospital. Minha vontade era que todos os semáforos estivessem abertos, ou transformar o carro numa aeronave para ver meu filho Bruno em fração de segundos. Chegando lá, me deparei com ele em uma maca numa sala de observação. Falei com ele, ele estava lúcido, porém, notei algo que não me agradou, dois frascos drenando sangue. Sem saber a procedência, mas preferi não movimentá-lo na maca, e procurei falar com o médico plantonista que o atendeu. Assim entrei no consultório, e me identifiquei pai do Bruno. Essa foi a primeira palavra que o Dr. Leonardo me disse:
- Se prepare para o que você não quer ouvir, o quadro do seu filho é gravíssimo: “Perfurou o pulmão esquerdo, perfurou o rim esquerdo, o baço está comprometido, quebraram 6 costelas, trincaram 3, trincou a bacia, e 3 fraturas no braço esquerdo”. Eu viajei fora de mim, precisando desabafar, mesmo entendendo que o tempo do médico é limitado, mas resumi minha vida em segundos: “Dr., nem bem recuperei de um trauma, perdi a mãe dele, minha querida esposa, por uma fatal enfermidade, pedaços dela ainda é motivo pra eu viver, amo muito meus dois filhos que ela deixou, e a esperança que acabo de receber em relação ao Bruno, são minúsculas, não é”? O médico detalhou que a ocorrência policial constatou uma violenta colisão de um veículo que atravessou o farol vermelho em um cruzamento, atingindo a lateral do banco carona, em que o Bruno viajava. E no impacto o carro foi arremessado em um poste. Explicou que quebraduras não se tratava de nada sério, o grave era a perfuração do pulmão e do rim e o comprometimento do baço. “Portanto encaminhei com urgência para a UTI do convênio dele, Hospital Avi Senna. Será conduzido numa ambulância especial, isto é, com UTI móvel”, Completou.
Tarde de domingo triste nos esperava no Hospital Avi Senna. Às 14h15 a ambulância estacionava em frente ao Hospital. Pensativo eu caminhava pela rampa que leva até a UTI. Parei na porta, porque o acesso não é permitido ao acompanhante. Passei a noite sem dormir e na segunda-feira me dirigi ao trabalho, sem a mínima condição psicológica. Minha ansiedade era muito grande. Às 12h30 estava eu na porta da UTI, aguardando para fazer visita ao meu filho querido. Como cheguei adiantado, a visita iniciava às 13h00, para me entreter tirei uma foto da placa da UTI, com o celular. Quando a visita foi liberada, entrei visitar o Bruno. Os 15 minutos parecia ter sido 2 segundos. Também tirei uma foto do Bruno no leito, com o celular, mesmo sabendo que não é permissível, mas eu quis registrar uma imagem recente dele; pois a sua presença, eu poderia ter por não muito tempo. Terminando a visita, com o coração apertado deixei meu filho e fui até a sala do médico que o acompanhava, Dr. Vladimir, para saber do seu quadro clínico. “A esperança, temos que manter, mas o caso dele é muito grave, não sei se está sabendo que há um dreno no pulmão e no rim para retirar o sangue comprometedor destes órgãos? Vai depender de como o organismo dele reagir”, disse o médico. Abalado, sem saber o que fazer, a não ser orar muito, aliás, orar, ou seja, rezar não é uma prática minha, adoro conversar com JESUS CRISTO, com DEUS, o PAI CRIADOR; e assim meu diálogo era constante, com as DIVINDADES SUPREMAS DO ALÉM. Os dias foram passando e, lembro-me que, numa quarta-feira, portanto o quarto dia que o Bruno estava na UTI, e nada de reagir à medicação. Cada vez que eu falava com o médico, meu coração acelerava, porque a qualquer momento eu poderia ouvi-lo dizer que teria de retirar o rim, inclusive o baço por ser um tecido flácido, porque não estava reagindo à medicação.
Recordo que foi neste quarto dia que o Rodrigo, meu filho mais novo, foi comigo visitar seu irmão, e quando terminou a visita, nós dois choramos juntos no corredor da UTI, pela pergunta do Bruno, “será que vou sair dessa?" No momento da pergunta fomos fortes o suficiente para animá-lo. Eu não quis esconder mais do Rodrigo, ao sairmos da UTI, tentei informar o que ocorria com o quadro clínico do Bruno, então começou a chorar, eu confesso que fui fraco, não resisti, chorei também. O Rodrigo disse: “Só virei novamente visitá-lo depois que retirar os drenos”. O Rodrigo foi embora e eu aguardei para falar com o médico. O quadro clínico mantendo estável, porém inspirando grandes cuidados e preocupação.
Já estava na quinta-feira do quinto dia que o Bruno estava na UTI, e eu dormindo alguns minutos na noite. Todo o tempo que eu tinha, noites à dentro, madrugadas à fora, nas ruas e nas calçadas, era conversar com DEUS, pedindo a recuperação do Bruno, mas em nenhum momento fui egoísta, nas minhas preces eu deixei claro com JESUS, para ELE determinar aquilo que fosse melhor para o Bruno e para mim, a vida terrena ou a celestial.
Saí do meu serviço ao meio dia, fui pegar o metrô na Praça da Sé, me deu vontade de comprar um livrinho de bolso, o qual há muitos anos eu havia tido, “Minutos de Sabedoria”, do Autor Carlos Torres Pastorino. Rapidamente entrei na livraria Edições Paulina, comprei o livrinho e rumei ao Hospital Avi Senna. Visitei o Bruno, ele perguntou do Rodrigo, se estava tudo bem, respondi que sim. E disse que ele não podia sair do serviço todos os dias, em horário de visita.
Ao terminar a visita, sentei numa cadeira na porta da UTI, cabeça baixa comecei a chorar, imaginando os futuros dias, quais segredos guardavam. Naquilo, um Srº de aproximadamente 70 anos de idade, cabelos grisalhos, com gesto sereno, tocou em minha cabeça. Olhei para ele e ouvi suas primeiras palavras:
- Moço não chora, se você acredita em JESUS CRISTO, não precisa chorar, acalma-se! Eu comecei a falar do quadro que o Bruno se encontrava, ele respondeu:
- Dê a ele um livrinho, Minutos de Sabedoria, é pequenino, de bolso, é bom em qualquer ocasião, é consolador, é sabedoria. Bati a mão no bolso e disse:
- Coisa incrível, eu conheço faz muito tempo, mas começou perder páginas, foi se desfazendo, hoje me deu vontade de comprar outro. “Dê um a ele, são palavras de sabedoria, são letras iluminadas”, completou. Tive fortes arrepios no braço, e disse a ele:
- Tenho um blog com este título, LETRAS ILUMINADAS. “Então, pense em escrever um livrinho de alto ajuda com esse título!”, disse o Srº. Como se soubesse que o Bruno estava lúcido, insistia que eu levasse um livrinho Minutos de Sabedoria para ele.
Aquele Srº, aos poucos, com sua mansidão me tranquilizava. E repetidamente ele dizia: “As nossas dores, nosso sofrimento, é JESUS CRISTO batendo em nossa porta, querendo entrar”. Ele afirmava que, a nossa fé aumenta somente com o sofrimento. Eu me sentindo tão à vontade, até porque desde criança adorei pessoas de idade, perguntei seu nome:
- Eu me chamo José.
- O Senhor está aqui, com certeza tem algum familiar ou amigo internado?
- Sim, meu irmão mais novo.
Colocou a mão em meu ombro, e disse-me, vamos até o saguão, preciso saber dos diagnósticos do meu irmão. Ele caminhava com dificuldade, e lentamente chegamos até o saguão. Não havia lugar para sentarmos, ficamos conversando um pouco em pé, até que ele comentou que iria resolver assuntos sobre a internação do seu irmão, porque iria demorar para ser atendido, mas que retornaria. Fiquei com pena de ter se retirado de mim, fiquei olhando ele caminhar pelo corredor. Numa rápida distração, quando voltei os olhos para ele, não mais o avistei, e senti fortes arrepios pelo corpo.
Fui o último a ser chamado, o médico sempre queria falar muito comigo. Quando entrei na sala, até a secretária sorriu de emoção, ao ouvir o médico falar:
- Pai, você vai ficar feliz. Se continuar assim amanhã vou retirar o dreno do rim, e permanecerá somente o dreno no pulmão. É impressionante, ontem estava sem bons sinais, hoje as tomografias apontam uma melhora de 90%.
No outro dia, o médico se surpreendeu ainda mais, o pulmão apresentava reações positivas, em relação à medicação; então, o mais breve retiraria o dreno e o aparelho de auxílio respiratório. Resumindo, no dia seguinte foi retirado o dreno do pulmão, no sétimo dia que permanecia na UTI foram retirados os aparelhos que ajudavam na respiração e no nono dia teve alta da UTI. O meu desespero amenizava dia a dia. Foi para o quarto repousar e a cirurgia das fraturas do braço seria marcada.
Algo causava estranheza, quando dei fé que nunca mais vi seu José. Ou seja, foi uma única vez que falei com aquele Srº dotado de saber, meiguice e mansuetude admirável. Comecei então fazer perguntas aos enfermeiros da UTI, que frequentemente faziam visitas para o Bruno. Ninguém conhecia seu José. Comecei a investigar disfarçadamente, até mesmo no setor de internação. As respostas eram as mesmas: “Como se chama o irmão do seu José? Qual o sobrenome dele?” Nada disso eu sabia, além de, seu José, um Srº de aparentemente 70 anos, cabelos grisalhos, de olhar sereno e palavras consoladoras.
Assim que o Bruno se recuperou, fez a cirurgia do braço, para colocar pino nas fraturas. O Natal de 2011, passei com o Bruno no leito do Hospital. Mas posso afirmar que, o presente mais valioso em toda minha vida, eu ganhei no Natal de 2011: “o Bruno de volta para a vida terrena”.
No dia 26 de dezembro, numa segunda-feira o Bruno recebeu alta do Hospital. Dia pós dia, meu filho se restabelecia. E eu, sem tirar seu José da minha mente. No pensamento parecia ouvir seu José no corredor da UTI me dizendo: “leia Minutos de Sabedoria, dê um livrinho a ele, são palavras consoladoras”. Analisando tudo o que ocorreu, fiz um propósito comigo, de pelo menos um domingo por mês fazer uma visita em hospitais, e doar um Minuto de Sabedoria, seja para paciente, acompanhante ou visitante. Minha primeira doação foi no dia 08 de janeiro de 2012. É claro que no domingo dia 01 de janeiro de 2012, passei com meus filhos.
Outra coisa que liga ao enigmático episódio, é seu José ter comentado que Minutos de Sabedoria, são letras iluminadas, quando naquele momento admirado com as palavras telepáticas que seu José me dizia, eu respondi: “nossa, eu tenho um blog com esse título, Letras Iluminadas”. Ele então recomenda para que eu escrevesse um livrinho com o título, Letras Iluminadas.
Também jamais esqueço o que seu José me dizia repetidamente, que quando estamos passando por dores e sofrimentos, é JESUS CRISTO batendo em nossa porta, querendo entrar. Dando explicação que, quando algo desagradável acontece em nossa vida, é JESUS CRISTO, com toda sua sabedoria nos chamando para ensinarmos a viver. Ou seja, sofrer no presente, para sermos mais felizes no futuro, com o conhecimento da espiritualidade e disciplina DIVINA.
Eu adotei o conselho de seu José, pretendo escrever um livrinho de bolso, com o título (Letras Iluminadas); mas será que encontrarei seu José, para presenteá-lo com um livrinho autografado? Passam dias, passam noites, porém não passam da minha lembrança as palavras consoladoras na voz mansa, daquele sábio senhor de olhar sereno e gestos humildes.
Mas quem será seu José? Um ser humano realmente habitável na vida terrestre? Será um ANJO protetor meu, ou do Bruno? Talvez de nós dois? UM SANTO ESPÍRITO DE LUZ que intercedeu a JESUS CRISTO, para que não levasse o Bruno tão cedo para o mundo da espiritualidade? Ou será o próprio JESUS CRISTO, e seu irmão mais novo, se referia ao Bruno? Portanto, entre tantos milagres que já recebi em minha vida, agora deixo registrado mais um, neste conto de real descrição, o qual dei o título: “MISTÉRIOS DE SEU JOSÉ”.
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