Um não-abandono
Se encontrava sentada em um banco na porta da escola, uma garota de cor amarelada, feição triste e com as pernas a balançar, já que as mesmas eram pequenas.
Todos que passavam a olhavam, até mesmo os que já estavam ali observavam de longe. Ela parecia não se importar, ou se importava com o que ninguém sabia que se importava. Mas talvez, apenas não se importasse com nada e quisera ficar ali, imóvel e pensativa.
Em sua mão uma lancheira toda amarela, até parecia imitar sua cor. Sentia o vento como se fosse música, olhava para o nada como se visse tudo. Alguns minutos, horas se passaram, até que algo além de suas pernas inquietas se manifestou: Uma lágrima. Ela era tão pequenina, tão ingênua, tão menina.
Chorava para si mesma. Entre soluços, tentava conter o choro, que parecia ser a melhor opção naquele momento. Até que uma imagem apontara de longe e involuntariamente um sorriso lhe estampou o rosto. A menina da feição triste e, que todos já estavam declarando situação de piedade ou questão de abandono, sorrira.
Saltou do banco como quem saltava de uma ponte e correu em direção da mulher que mirava como se nada em volta existisse. Foi pega no colo com muito carinho e vontade, com um beijo na testa e um dedo a lhe enxugar as lágrimas que praticamente haviam se evaporado em segundos, um sussurro tomou-lhe os ouvidos:
_ A Mamãe pode demorar, mas sempre vem! Ouviu?