Minister

O dia mal começou e já me sinto apodrecido, cheio de problemas, dores e alguns desesperos.

Não costumo ter relacionamentos duradouros, sempre brigo, reclamo e abandono.

Nunca fui um homem bonito, bem barbeado, sóbrio ou bem engomado. Faço o tipo largado,

bêbado, desalmado, sem pudor, amor e rancor.

O cinzeiro entupido de bitucas de Minister, o copo caído perto da cama e uma calcinha meio desbotada

perdida nos lençóis.

-Que diabos eu fiz noite passada?

-Falou alguma coisa querido?

-An? Quem é você?

-Leda, nos conhecemos no bar de dona Lourdes.

-Não lembro de nada.

-Você estava mal, caído na mesa, meio melancólico porém feliz. Me sentei do seu lado e fiquei te reparando, você sorria e falava coisas que não intendia muito bem.

-E o que você fez com um pobre bêbado velho?

-Nada de mais, na verdade quem fez foi você, depois de tanta indaga você me pegou pelo braço e me arrastou até seu carro, confesso que fiquei assustada mas depois fui gostando da coisa.

-Definitivamente preciso parar de beber.

-Eu gosto de bêbados, são mais atraentes e selvagens. Mas agora vou tomar um banho, vai se recuperando pois eu quero um pouquinho mais de você!

Nunca me assustei com mulher alguma, mas esta tal de Leda me apavorou, não por ser feia, ela é até bonitinha com a maquiagem borrada, os peitos meio caídos e o cabelo um pouco engrenhado. O que me assustou mesmo foi o fato de uma mulher se interessar por um cara bêbado e porco feito eu, preciso de um cigarro e de um café gelado, a dor de cabeça e o fluxo de consciência estão me matando. Poderia voltar a dormir, me afogar em baba e acordar com cara de pós orgasmo, mas isso seria uma desfeita com a pobre moça, já basta o fato dela ter me suportado bêbado.

-Pronto, demorei?

Leda me aparece nua, molhada e com os bicos dos seios ouriçados, achei engraçada a situação.

-Não, foi rápida, só me deu tempo para fumar um cigarro.

-Que bom. Passamos a madrugada juntos q você não me disse seu nome.

-Você se enroscou com um bêbado sem nome e ainda sim acordou sorrindo?

-Na hora o nome é o de menos, eu queria, você também, então fizemos, para o sexo não existe essa de nome, idade ou telefone, o que importa é satisfazer a carne.

-Você é diferente das outras moças, gosto disso.

-Sou tão bêbada e faminta quanto você, mas então, você vai ou não dizer seu nome?

-Assim, meu nome é Ódin.

-Diferente, gostei.

-Foi uma escolha de minha mãe, é uma cruz q eu carrego ou que me carrega.

-Você é engraçado, mas tenho que ir. Você por acaso viu minha calcinha?

-Estava perdida na cama. Já vai tão cedo?

-Achei, preciso trabalhar, mas se você quiser eu posso voltar mais tarde.

Se vestindo toda atrapalhada e toda cheia de ideias.

-Eu adoraria, volte sim.

-Tudo bem, então me espere, não garanto nada pra hoje, mas amanhã é uma boa.

-Então esta marcado, nos vemos amanhã e você me apresenta quem é a Leda pessoa pois a Leda carne eu já conheço, mesmo não me lembrando muito bem.

-Você é cheio de gracinhas, pode deixar que eu venho sim e desta vez eu trago cerveja.

-Combinado!

-Bom mas agora vou-me.

Me marcou com os lábios vermelhos, colocou minha mão em sua perna, saiu requebrando, bateu a porta e se foi.

Lélia Borgo
Enviado por Lélia Borgo em 13/03/2013
Reeditado em 14/03/2013
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