Um dia de chuva
Saio pra rua, ou espero a chuva passar, e se for daqui a horas, pode demorar muito mais que isso, o barulho sobre a cobertura é intenso, parece muito maior que o que realmente acontece.
Tenho que me decidir, vou, vou assim mesmo, sem capa ou guarda chuvas, já fiz muitas vezes isso, e de certa forma onde tenho que ir não é muito longe.
A chuva cai sobre o meu corpo, inúmeras gotas açoitam meu rosto, e com a vista já embaçada, porque meus olhos ardem, mesmo assim prossigo caminhando.
Esse é um momento, é o meu momento, vou pela calçada desviando das poças d’água, mas de nada adianta, pois estou ensopado.
Mas sigo feliz, porque ando, tenho forças para isso.
De passagem uma triste cena urbana, ver um mendigo estirado ao chão.
Seu corpo magro, vítima talvez de alguma aguardente, fica ali prostrado, rosto para o céu, a chuva é impiedosa, cai intensa.
Sigo meu caminho, quase sem ver muito a frente, os olhos ardem, não só pela chuva forte, mas parece meio ácida, ou talvez a poluição que se aloja eu meu rosto e de todos que por ali circulam.
Sigo em frente, o transito já está difícil, carros começam a falhar, pessoas sequinhas por quanto tempo?
Eu sigo em passos largos,está fresquinho, e continuo minha caminhada. Está perto, bem perto, é só atravessar aquela avenida ali logo a frente, mais alguns passos e pronto estou chegando ao meu destino.
Nossa que bom, chegar num lugar seco, minha roupa encharcada, começo a me despir, tomar um banho, mais um, (risos), só que agora para lavar o corpo, porque a alma já foi lavada por Deus.
Entro ao banho, temperatura da ducha é maravilhosa, poderia ficar ali por horas e horas, mas tenho coisas a fazer, logo pego um ônibus de volta.
De volta pra casa, de volta pro meu canto, meu abençoado lar.