A menina na soleira da porta !
Era final de tarde, sentada num canto do sofá uma menina loirinha, de olhos castanhos esverdeados, mirradinha, olhava assustada para a porta da sala. Emolduravam sua imagem um televisor antigo, uma mesinha de centro, um sofá de dois lugares já surrado pelo tempo e uma cortina desbotada pelo sol.
Tinha apenas onze anos a menina, mas já carregava nos ombros e nos olhos as dores dos sofrimentos vividos até então. De família muito pobre, passavam por várias privações, mas muito maior que a dor da fome era a dor d'alma da pobre menina. O alcoolismo do pai e as alterações agressivas que este causava no comportamento dele aterrorizavam toda a família.
Estava ela envolta em pensamentos quando, ao ouvir do trinco do portão, deu um sobressalto e ficou em pé na sala, permanecendo ali paralisada olhando a maçaneta girar. Mal a porta se abriu, segurando-se pelas paredes, seu pai passou por ela indo em direção a cozinha procurando por sua mãe.
Recomeçaram-se as brigas e as discussões de todos os dias, pratos e copos quebrados compunham agora o cenário. A família toda se uniu para segurar seu pai, acalmar e levar para a cama. Logo ele caiu no sono e tudo ficou parcialmente tranquilo. Era assim todos os dias...
Tinha apenas onze anos a menina, mas já carregava nos ombros e nos olhos as dores dos sofrimentos vividos até então. De família muito pobre, passavam por várias privações, mas muito maior que a dor da fome era a dor d'alma da pobre menina. O alcoolismo do pai e as alterações agressivas que este causava no comportamento dele aterrorizavam toda a família.
Estava ela envolta em pensamentos quando, ao ouvir do trinco do portão, deu um sobressalto e ficou em pé na sala, permanecendo ali paralisada olhando a maçaneta girar. Mal a porta se abriu, segurando-se pelas paredes, seu pai passou por ela indo em direção a cozinha procurando por sua mãe.
Recomeçaram-se as brigas e as discussões de todos os dias, pratos e copos quebrados compunham agora o cenário. A família toda se uniu para segurar seu pai, acalmar e levar para a cama. Logo ele caiu no sono e tudo ficou parcialmente tranquilo. Era assim todos os dias...
Exceto o pai que dormia todos assistiram juntos a novela até a mãe desligar a TV e mandar todos pra cama. As luzes se apagaram e a menina ficou quietinha em sua cama.
Quando percebeu que todos haviam adormecido, levantou-se, pegou seu travesseiro e dirigiu-se até a porta do quarto dos pais que estava fechada, encostou seu ouvido na porta, mas não ouviu nada, então colocou seu travesseiro na soleira da porta e ali deitou-se em vigília até perto do amanhecer, quando levantou-se e foi para sua cama.
Fez isso anos e anos a fio, sem que ninguém percebesse!
Quando percebeu que todos haviam adormecido, levantou-se, pegou seu travesseiro e dirigiu-se até a porta do quarto dos pais que estava fechada, encostou seu ouvido na porta, mas não ouviu nada, então colocou seu travesseiro na soleira da porta e ali deitou-se em vigília até perto do amanhecer, quando levantou-se e foi para sua cama.
Fez isso anos e anos a fio, sem que ninguém percebesse!
A menina cresceu, casou-se e outras vidas concebeu!
E hoje passa a noite na soleira da porta vigiando os seus!!!
E hoje passa a noite na soleira da porta vigiando os seus!!!