Ele era um moço que reclama de tudo da vida...
Ele era um moço que reclama de tudo da vida, era infeliz. Não tinha motivos para sorrir. Na verdade, tinha, mas não sabia.
Eis que um dia ele sofreu uma emboscada e, além de levarem seus pertences, como carteira, mochila e dinheiro, causaram-lhe prejuízo irreversível, maior que o material: machucaram seus olhos com algo pontiagudo, o que resultou em uma cegueira.
Tudo era claro: via o céu todos os dias, as pessoas, o caminho, seus passos... Mas do nada, e, questão de segundos nesse decorrer de sua vida, surgiu-lhe a escuridão, que iria acompanhá-lo pelo resto de sua jornada pela Terra.
O moço fez suas reclamações ficarem mais ardentes, como a perfuração de seus olhos. Ele não entendia, não procurava entender a razão de continuar a viver e de sorrir.
Mas, eis que um dia, ele estava andando pelo metrô com um guia, quando ele conheceu uma menininha na faixa etária de 7 anos, rindo, e ele sentiu seu doce e inocente sorriso ao seu lado. Ela tinha o mesmo problema que ele, mas ela não deixava transparecer sua insatisfação. E a menina pergunta: por que você não ri também?
A menina tirou, então, uma risada indiscreta e um sorriso de uma face fechada.
Depois daquele dia, o moço parou de culpar a vida e a si mesmo. Começou a observar que, mesmo não vendo, ele sentia as boas vibrações da vida. Seus ouvidos aprimoraram-se, e, numa cidade grande, cheia de concreto e aço, ele conseguia ouvir o canto dos pássaros.
Ele começou a ser feliz verdadeira, mesmo que, para muitos, ele não tivesse motivos. Ele era um verdadeiro homem feliz, sem motivos, mas feliz.
Lembre-se: Não se culpe se as coisas estão dando errado. Procure as soluções, e não as culpas. Quem vive se culpando vive entristecendo-se, e, com isso, a vida não anda. Veja que, mesmo não dando certo, tudo isso que nos cerca tem uma lição de vida. E veja que somos capazes de tudo, de sermos felizes.
Faça um exercício de psicologia: abra os braços, sente-se e respire fundo, feche os olhos. Agora me diga como se sente. Leve? Livre?
Renato F. Marques