Negócio
- Prefiro uma boa dose de conhaque.
- Mas a sua mulher não sente o cheiro?
- O pior que sente de longe, sempre vem me farejar quando chego em casa. Vai de cima em baixo, demora mais tempo investigando a gola da camisa e o aroma do pescoço.
- E a boca?
- Isso é claro, ela no meio da blitz diz: Abre! Da uma cafungada funda e consegue distinguir até mesmo o que comi no almoço.
- Já não chego antes que ela esteja dormindo. Almoço junto todo o santo dia, como desculpa. Mas aquela filha da puta, sempre da um jeito de fingir que eu não estou presente.
- Te ignora? A Ruth também meu amigo, só fala com autoridade. Nunca mais ouvi uma frase em outro tempo que não seja o imperativo.
- Você não pode se submeter a isso, tem mesmo é que adotar uma postura de homem. A Rosa abaixa a cabeça sempre que eu falo.
- Não me venha com essa, quem tem cabeça baixa nesta história é você meu caro, isso pelo peso do chifre.
- Esse viado não trás logo essa porção, to morrendo de fome ... escuta aqui se a minha mulher dá pra outro, isso não lhe diz respeito. Gostaria que eu fosse como você, botasse um detetive na cola dela?
- Porra cara investiga por conta.
- Não envolvo minha profissão na vida pessoal. Apesar de tudo ainda confio naquela mulher.
- Ei mané, desce mais uma brela trincando. E agiliza essa porção meu filho, senão vou reclamar com o gerente.
- Tem mais meu caro, como pode ter absoluta certeza que não é corno?
- Te pago pra isso.
- Tenho que te contar um negócio sobre a Ruth...
- Vai te fuder, agora que chegou a mandioquinha você vai me falar.
- Deixa pra lá...
- Croc croc ... fala a verdade ... croc croc croc ... você sabe que a Rosa te mete uns cornius ...
- Por que insiste nisso?
- Tinha que te falar um negócio ... é ...
- Calma ai, pede mais uma cerveja que eu vou dar uma mijada.
. . .
- Garçom trás a conta.
- Já vai acertar?
- Nada só quero saber gradativamente o valor, sou economista. Claro que vou pagar meu irmão.
. . .
- Deu vinte contos.
- Toma aqui fica com o troco, quando meu amigo voltar do banheiro, diga que eu ligo depois pra ele me justificando e entrega esse bilhete.
- Certo doutor.
. . .
- Sujeitinho malagradável esse, me abomina tal figura.
- Ele deu gorjeta Carlão?
- Dois pila, todo arrogante e me paga dois pila de gorjeta. Deve ser viado, olha o bilhete que ele escreveu e pediu que eu entregasse para o amante: “sei quem ta comendo sua mulher, sou eu, por isso tenho certeza que você é corno”.
- Há Há Há ... que engraçado Carlão, o viadão que entrou no banheiro também pagou a conta da mesa, deu 30 pila pra mim e pediu que entregasse este bilhete pro cornão: “eu como a sua mulher, eu o dedtetive e já fazem seis anos seu filho da puta. Vou fugir com ela pro Paraguay”.
- Vamo rachar a grana então meu amigo.
- Sei não Carlão, eu só topo se a gente cair na Creusa pra jogar um bilhar.
- Fechou, vamos bebemorar a cornice desses playboy.
- E a Beth num dá galho?
- Meu camarada lá em casa quem comanda sou eu, não me venha com essa.
- Carlão eu tenho que te contar um negócio . . .