Viuvez
Passados alguns anos de dura convivência ela acordou do encantamento e resolveu encarar a realidade, a fria e dura realidade, estava sozinha, havia assumido os dois lados de um casamento que nunca existiu, foram anos turbulentos, vagas lembranças de dia alegres, salvos somente com a maternidade, isso a fazia feliz, pegar nos braços aquele ser frágil saído de suas entranhas, vidas das quais ela teria que dar andamento e formá-los cidadãos de respeito e caráter, assim ela o fez, após muito tempo de convivência pediu o divórcio, já não agüentava aquela vida de falta de encantamento, de falta de respeito, de falta de carinho, amor e tantas outras faltas, ela queria e merecia muito mais! Nascida de uma família humilde sim! Mas de pais trabalhadores, assim como ela que sempre trabalhou fora e conciliava com a criação dos filhos, achava injusto ter apresentado (por sua própria escolha) aquele homem para seus pais, e se envergonhava disso, foram tantos conselhos desperdiçados... Mas havia tempo, era tempo de mudanças e decidiu mudar!
De inicio entraram em um acordo e o progenitor ajudava na despesa da casa, duraram poucos meses para que começasse a ter falhas no compromisso, ela decidiu abrir um processo na justiça e não conseguiu muita coisa, justiça brasileira nem sempre atende a contento, vieram dificuldades... Não fossem seus pais, os filhos estariam passando necessidade, e ele sumiu, nunca mais se ouviu falar dele e nem mesmo queria saber de seus filhos, se estavam se alimentando, vestindo ou se estavam saudáveis.
Outro dia, ela ao fazer uma entrevista de emprego, foi-lhe perguntado:
-Estado civil?
E esta respondeu:
- Viúva, sou viúva... Era assim que se sentia... Era essa a realidade, ele havia morrido na sua vida.