UM ENTRE TANTOS
O filho mais novo de Genuíno, nortista macho de trabalho duro e pouca paciência, recebeu logo cedo uma ordem do pai: “Vá na venda, compre o que ta escrito no papel e entregue a sua mãe”. O menino logo foi. Ao chegar na venda do português, entregou o papel e esperou. O “patrício” separou as mercadorias e perguntou “Só isso?”; “Só” respondeu Getulinho, pondo a mão no bolso da bermuda. Procurou, procurou, procurou... “Cadê o dinheiro?”; Procurou de novo, de novo e nada... O pavor tomou conta do coração do pequeno... “E agora, perdi o dinheiro. Painho vai me surrar”... Pensou sentindo o rosto molhar de lágrimas. O português sem saber o que acontecia, perguntou: “O que foi menino?”; Getulinho disse um “Não” com a cabeça e se foi sem nada levar... No caminho pensava na “sova”, nas dores, no castigo, no quarto escuro e nos dias sem poder comer. “Só faço besteira. Por isso que painho diz que não presto pra nada” Pensava. Até que tomou o caminho da cachoeira. Foi até lá. Olhou a queda d’água e sem mais nada pensar, se jogou para o desconhecido.
Neste mesmo momento, Roberto, o filho do meio de Genuíno, chegava na venda: “Português, meu irmão pequeno esteve aqui?”; “Sim, me fez separar umas mercadorias, mas se foi sem levar nada, num choro estranho”; “As mercadorias estão separadas?”; “Sim, são estas”; “Obrigado, é que o moleque esqueceu o dinheiro em casa. Desculpe”.