No Ambulatório de Um Hospital de Tóquio.

O ambulatório daquele hospital no centro de Tóquio está repleto de pessoas que se acham doentes e o Dr. Tanaka recebe, sempre com seu sorriso simpático, uma a uma e lhes passa sua sabedoria.

Dr. Tanaka: Novamente aqui! Não vai me dizer que continua doente?

Paciente 1: Sim, doutor. Como o senhor quer que eu fique bom se não me passou um remédio sequer?

Dr. Tanaka: Se não receitei é porque não vi a mínima necessidade. Não é remédio que irá curar o seu problema.

Paciente 1: O senhor quer dizer: a minha doença.

Dr. Tanaka: Não considero isto uma doença; o que é mesmo que diz que tem?

Paciente 1: O senhor não se lembra? Estou sofrendo do estômago.

Dr. Tanaka: Por que diz que sofre do estômago?

Paciente 1: Ora! Sinto dores e mal estar. Certamente foi algo que comi naquele aniversário de domingo.

Dr. Tanaka: Está vendo porque digo que não está doente? Está apenas utilizando a mente de forma errada. Não foi o que comeu que fez mal ao seu estômago, mas a forma como o fez.

Paciente 1: Como assim? Não estou entendendo.

Dr. Tanaka: Estava bem na ocasião? Como era o seu estado de espírito ao ingerir o alimento?

Paciente 1: Normal, que me lembre. Apenas não gostei muito da cara daqueles pasteis que estavam servindo; pareceram-me velhos e mal preparados. Mas comi uns dois assim mesmo.

Dr. Tanaka: Está aí a origem do seu problema. Quando se ingere algo contrariado, tendo-se a mente dominada por pensamentos destrutivos, como ódio, tristeza, medo ou preocupação ou quando achamos que determinada comida poderá nos fazer mal, esses pensamentos alteram a disposição dos hormônios no organismo, o que pode causar uma disfunção do processo digestivo e de assimilação. Não foi o alimento que causou o malefício, mas a desarmonia mental. Leve este comprimido e tome-o se desejar. Mas nunca mais ingira alimentos com a mente descontrolada. Mande entrar o próximo paciente, por favor.

Paciente 2: Dr. Tanaka! Preciso com urgência de um calmante. Não sei mais o que faço.

Dr. Tanaka: Você parece mesmo agitado. O que está acontecendo?

Paciente 2: Estou sofrendo de insônia. Há dias não consigo dormir o suficiente.

Dr. Tanaka: Disse ‘o suficiente’. Isto quer dizer que dorme um

pouco.

Paciente 2: Muito pouco; será que isto não vai prejudicar a minha saúde?

Dr. Tanaka: Depende da sua atitude mental.

Paciente 2: Como assim? Pode explicar melhor?

Dr. Tanaka: Claro! Se você acredita que para se viver bem é preciso dormir oito horas por noite porque o corpo físico, sendo uma máquina, poderá se desgastar e ficar doente não terá paz e sossego quando dormir menos do que isto. Não é o que diz a ciência materialista?

Paciente 2: Mas durmo muito pouco, não chego a duas ou três horas de sono.

Dr. Tanaka: Como pode ter certeza quanto a isto? Muitas vezes dormimos e não nos damos conta. O seu cansaço e nervosismo vêm da preocupação e não da falta de sono; pode estar certo disso. Como então explicar nomes como Thomas Edison, Margareth Thatcher e Napoleão que realmente dormiam de duas a quatro horas e viveram muitos anos; e com saúde?

Paciente 2: Então como faço, doutor?

Dr. Tanaka: Posso, muito bem, receitar comprimidos para dormir, se é o que quer. Mas por que ir pelo caminho mais fácil, porém com terríveis consequências para o seu desenvolvimento? Use a mente; convença-se de que o homem é espírito e pode viver e produzir com poucas horas de sono. Acredite que o homem, sendo filho de Deus, é possuidor de energia ilimitada. Afaste os pensamentos egocêntricos ao perder o sono e volte sua mente para cenários fora de você mesmo, como: uma linda paisagem, pássaros que voam no céu ou um rio que corre em direção ao mar; recuperará imediatamente o sono perdido. Experimente e depois venha me dizer dos resultados.

Paciente 2: Poxa! É incrível. Já me sinto muito bem e confiante.

Dr. Tanaka: Então, vá com Deus e tenha uma boa noite de sono!

Há um alvoroço no ambulatório. Um homem, contorcendo-se em dores, saindo da enfermaria, chega até ali seguido de uma assistente.

Dr. Tanaka: O que está acontecendo?

Assistente: Este homem se nega a ser atendido na enfermaria. Ele não se aguenta de dores, mas não quer a injeção. Diz conhecer o senhor e ter lido o seu livro sobre a inexistência da dor; e quer a cura por meio das suas palavras.

Dr. Tanaka: Na verdade, ele mesmo pode conseguir isto. Mas vou ajudá-lo. Deixe que entre, se permitirem as pessoas da fila.

O homem entrou em meio a uma série de resmungos de insatisfação.

Dr. Tanaka: Onde dói?

Homem: Ai! Ai! Minha coluna está me matando; bem aqui. Ai!

Dr. Tanaka: O que sabe sobre a inexistência da dor?

Homem: Que o homem não é matéria; que matéria não sofre nem sente dor; que está na mente a dor.

Dr. Tanaka: É exatamente isto. Repita comigo estas palavras.

Dr. Tanaka inicia uma série de frases, repetidas pelo homem a cada pausa.

Dr. Tanaka: Se a matéria não é o homem. E não pode sentir dor. Então, o que está doendo é a mente. Mas a mente não possui forma e por isso não tem como sentir dor. Logo, se não está doendo e eu penso que dói, só posso estar sonhando.

Dr. Tanaka: Assim, afaste-se da ideia do corpo físico e preste atenção na sua dor. Agora, é como se estivesse alheio a ela, assistindo, de fora, um filme chamado “dor”. Como está se sentindo?

Homem: Ainda dói; Ai!

Dr. Tanaka: É porque não está se concentrando o suficiente. Ainda está pensando

que é um ser feito de matéria e que matéria é capaz de sentir dor.

Homem: Está absolutamente certo de que é assim mesmo?

Dr. Tanaka: E por que teria que ser diferente? Acaso um cadáver sente dor? Já viu uma mesa ou um pedaço de ferro sofrerem por causa de dor? Eles não possuem mente, por isso a dor é algo inexistente. Nós também podemos aliviar enormemente toda e qualquer sensação de dor ou eliminá-la por completo quando conseguirmos desviar o foco de nossa atenção, que está voltado para o local dolorido, e concentrá-lo em outras ideias.

Homem: Parece que faz sentido o que o senhor está falando. Enquanto ouvia-o com atenção minha mente foi desviada da dor e já começo a sentir um grande alívio.

Dr. Tanaka: É exatamente isto o que acontece. Deu o passo mais importante para a sua cura; com a cessação da dor a doença desaparece. Agora, deixe-me atender os que aguardam aí fora. Mande entrar o próximo da vez, por favor.

Paciente 4: Olá, doutor! Não está me reconhecendo?

Dr. Tanaka: Nossa! Como está rejuvenescida; o que tem feito?

Paciente 4: Passei a seguir os seus conselhos quanto à correta forma de se alimentar em uma das conversas que tivemos; suas sugestões são mesmo geniais. Crescemos um pouco mais a cada vez que o escutamos.

Dr. Tanaka: Não faço mais do que cumprir minhas obrigações de médico. E trabalhar para modificar as pessoas de uma forma sadia e positiva. Já está conseguindo comer tudo com gratidão e alegria? E quanto à carne?

Paciente 4: Como de tudo, exceto a carne; consegui parar totalmente.

Dr. Tanaka: Não me diga! Já está explicada esta sua mudança para melhor.

Paciente 4: É como o senhor disse: o homem não foi criado para se alimentar de carne. Pagamos um preço alto demais por todos esses séculos de matança de animais e por não levarmos em conta o sofrimento deles. Depois da sua explanação sobre os prejuízos que ela causa ao nosso caráter pela contaminação da nossa corrente sanguínea e de como o organismo do animal, que sabe que vai ser sacrificado, se enche de toxinas, e que ingerimos e absorvemos toda esta toxina; depois de refletir sobre isso não podia deixar de assumir outra atitude que não fosse abolir para sempre este hábito tão antinatural de ingerir animais mortos. Só tenho que agradecê-lo por isto; desculpe se fi-lo desperdiçar seu tempo tão precioso.

É esta a rotina do Dr. Ozano Tanaka naquele hospital famoso do centro de Tóquio.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 25/02/2013
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4158593
Classificação de conteúdo: seguro