Aquela noite o céu cuspia tempestade e as negras nuvens despejavam suas lamentas de terror.
     Yasmim resolveu voltar mesmo assim. 
     A estrada imersa em águas fazia o percurso ser mais lento que o de costume.
     Ela nunca fora imprudente, talvez inocente.
     O carro sem ganhar velocidade vencia léguas com dificuldade.
     Infelizmente ela não estava só no quilometro 153 daquela rodovia.
     Um caminhão carregado com toneladas de café e morte vinha no sentido contrario, seu condutor cansado pelas longas horas atrás do volante precisa chegar ao seu destino.
     O arrebite* precisa ter seu efeito reforçado por duas cervejas antes do jantar.
     Assim conseguiria chegar ao seu destino...
     Mas seus reflexos consumidos pela longa jornada perderam forças ao serem associados ao álcool.
     O caminhão carregado ganha velocidade acima da permitida, mas quem estaria ali para ver isso?
     Yasmim estava lá, ela pode presenciar um momento de vacilo que custaria muito caro para a pessoa que nunca ingeriu nada que continha etílico.
     Naquela noite três vidas foram ceifadas, pois o fruto de nosso amor já se fazia presente dentro dela.
     A terceira vida foi a minha, pois não pude ser o esposo da mulher que tanto amei, não pude ser o pai que um dia tanto sonhei.
     Você deve estar se perguntando:
     O que aconteceu com o homem que roubou três lindas vidas?
     Ele responde em liberdade, pois não quis fazer o teste do bafômetro para não construir provas contra si, a lei estava a seu lado, mesmo inalando odor etilico.

     A lei seca chegou tarde demais.
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“Hoje seria a data em que comemoraríamos nosso aniversario de casamento. Casamento que nunca aconteceu. Não por mim, não por Yasmim, mas pela imprudência de quem pode beber enquanto dirige.”
 

Paulo Moreno
 
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* arrebite = substancia proibida utilizada para tirar o sono de muitos motoristas de caminhões vendido sem nenhum controle em todo o territorio nacional.
O álcool faz com que esta substancia tenha efeito contrario.

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    Caros leitores, vocês podem notar que este post não tem imagens. Pois não foi encontrada nenhuma que pudesse externar a dor que me acompanha desde então.



 





Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 22/02/2013
Código do texto: T4154680
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