O Pardal
Era apenas um pardal indefeso que caíra do ninho exatos três dias antes da saída para o ensaio de voo. Deixá-lo ali seria condená-lo à morte pela chuva e pelo frio por isso o recolhi numa caixa de sapatos com feltro e, a duras penas, o alimentei com insetos. Ao terceiro dia comecei a deitá-lo ao ar e a apará-lo, com mil cuidados, na queda. O treino acabava quando a ave voltava à minha mão. Estava um belo dia de sol quando, finalmente, o pardal se juntou aos irmãos da mesma ninhada. Vejo-o, sozinho, a alimentar-se das sementes que ofereço a todos. Nunca foge quando me aproximo mas isso não me alegra. Presumo que deva ter perdido aulas fundamentais para a espécie porque, até agora, não conseguiu constituir família. Sinto-me responsável pela sua solidão e aguardo, ansioso, que o meu pardal me apresente uma companheira.