A MULHER DE LEGUE BRANCO
A MULHER DE LEGUE BRANCO
É meia noite, as janelas vão se fechando e as luzes procuram dormir dentro dos blocos de concreto.
Da minha janela vejo uma mulher que passa do outro lado da avenida. Tão solitária no seu caminhar sensual, ”que perigo”.
Motos e carros passam por ela assobiando suas buzinas de luxuria e desejo.
De onde ela vem?
Parece chorar. Talvez por um amor que a negou um teto e seus beijos.
A mulher usa um legue mostrando todas as suas curvas, ”que perigo”.
Meia noite e cinco. Um grito de mulher se perde por trás da imensa amendoeira.
Da janela vejo seu legue branco a descer pelas águas suja do córrego e tudo se cala de novo.
Meia noite e dez.
Sem poder fazer nada, volto pra cama com a sensação de impotência de socorrer a mulher de legue branco.