O folgado
Era assim: quanto mais faltava às aulas, mais deslocado parecia na classe; em uns dias ficava excessivamente quieto e em outros manifestava formas variadas de indisciplina.
Depois da aula visitei seus pais e relatei os sintomas de sofrimento do aluno que se sentia diferente dos alfabetizados; só a sequência de aprendizagens era capaz de mudar isso. Ele frequentou por dias seguidos às aulas, mas... Sumiu.
Outras crianças davam notícias dele brincando pelas redondezas do bairro.
Não queria perder aluno para a rua!
Procurei-o fora do horário escolar e fiz longo discurso sobre as possíveis dificuldades para um adulto analfabeto. Foi bom ouvinte.
No dia seguinte não foi à Escola, mas um amiguinho seu chamou em minha casa: _ professora, o Lulu quer aprender a ler. A senhora dá aula particular para ele?
Expliquei que não trabalhava com aula particular e apontei a casa da vizinha que o fazia, bem baratinho...
O Lulu levantou-se de trás do muro e respondeu indignado:_ ah, pagando eu não quero não!!!