Multirracial

Entregou-me a folha para preencher. Perguntei que critério deveria usar para definir Branco, Pardo ou Negro. Ela respondeu “Também não sei, faça como achar melhor.”

Eu não tinha conhecimentos suficientes para definir raças; pensei em considerar apenas a cor da pele como é tão comum na sociedade; mas lembrei-me de um episódio onde eu, bem branca em Minas Gerais, fui considerada negra em uma cidade do sul do País. Olhei para as carinhas na minha frente, ninguém tinha a mesma cor. Fiquei calculando até que tom de pele chamaria branco para então passar a pardo, ir escurecendo... Escurecendo... Até chegar ao negro.

Era ridículo!

Resolvi que as próprias crianças definiriam do jeito delas. Liberei o trabalho em grupos com formação livre, isto as deixava felizes como maritacas no girassol.

Começaram esticando o bracinho para comparar com o braço da outra, aí decidiam: você é branca e eu sou parda. Mas no vai-e-vem, quando se comparavam em outro grupo, a parda percebia que era branca. E assim desistiram de usar o método.

Num grupo de três crianças a primeira diz:

_ Você é negro?

A segunda:

_ Você, não é negro!

A terceira:

_Sou negro sim, meu pai é preto!

Em outro grupo uma criança afirma:

_ Você é negro, sim!

E a outra: _ Hum hum sou moreno. Oh Tia, eu não sou moreno? Aquela minha irmã que veio para a reunião não é muito mais preta do que eu?

Yura Acy
Enviado por Yura Acy em 05/02/2013
Reeditado em 04/03/2013
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