“reComeço”

Algumas pessoas costumam dizer que quando se está para morrer toda nossa vida passa diante de nossos olhos, como se fosse um filme. Não sei isso é realmente verdade, mas é a única explicação plausível que encontro para o que ocorreu comigo.

Tudo aconteceu há uns quinze dias atrás estava sozinho em casa, sentado no sofá, assistindo ao jogo, bebendo minha cerveja, comendo amendoins, tudo normal. Sei que me levantei para ir a cozinha e no caminho apaguei. Na verdade nem tenho certeza se realmente fui à cozinha. Simplesmente apaguei.

No começo estava tudo escuro, logo em seguida, me vi em pé no meio de uma ponte suspensa sobre o nada. Nada embaixo, nada dos lados, nada em cima. Tudo começou a ficar mais confuso do que já estava, então de repente fui tele-transportado para um rincão desconhecido, que parece ter surgido da imaginação de alguma criança. Era tudo muito esplendoroso e belo. Havia uma combinação de cores, bichos e formas diferentes das que conhecemos. Tudo não passava de uma paisagem com um tom distorcido da realidade.

Havia árvores altas e verdes, montanhas gigantescas e distantes que sumiam de vista, flores de várias cores e água cristalina correndo rio acima. Um pouco surreal, totalmente surreal, mas no fim, sublime. O mais fantástico de tudo é que, claramente e calmamente, a paz reinava nesse lugar iluminado e aquecido por um sol alegre e brilhante.

Mas como havia dito: "...o lugar parece ter surgido da imaginação de alguma criança..." (...) E por isso talvez não seja real. Porém, naquela altura do campeonato não fazia idéia do que poderia ser real ou não. Infelizmente, fui privado de permanecer naquele lugar. Tudo ficou escuro novamente e logo me vi sentado numa poltrona de frente para um televisor. Foi aí que começaram a passar algumas cenas no tal monitor.

Parecia um filme, alguns flashes também surgiram, mas era mesmo uma espécie de filme. Não era nenhuma obra cinematográfica hollywoodiana, tampouco uma comédia ou um drama, era, possivelmente, uma compilação de todos os gêneros, só que de uma forma medíocre. Sim, medíocre e insignificante. Toda minha vida ali diante de meus olhos, totalmente diferente do que eu queria e almejava. Não havia cursado uma faculdade; trabalhava doze horas por dia, com algo que odiava bastante, para ganhar uma miséria de salário; 35 anos, solteiro, sem contato com família e amigos, morando numa pocilga e infeliz; enfim, indo contra tudo que julgava importante para minha existência.

O maior culpado de todo esse qüiproquó era eu mesmo, pois nada havia feito para mudar minha realidade, simplesmente aceitei o que me era oferecido. Não corri, não xinguei, não briguei, não questionei, nada fiz. Só me conformei. Deveria ter tomado alguma atitude, deveria ter lutado por mudanças, deveria ter defendido meus ideais, entretanto, apenas “segui o fluxo”.

Tudo tinha acontecido de tal forma que parecia que eu estava numa rodovia, queria chegar a algum lugar e solicitava informações de alguém, que me dizia: “__ Você vai reto, vira a esquerda, segue reto, entra na transversal à direita e depois segue o fluxo”.

Macambúzio, quis assim abdicar de minha vidinha besta, pois não via motivos para existir. Porém, por alguma zombaria do destino, ou piada divina, alguém “lá em cima” me ama, ou me odeia, e decidiu me dar outra chance. Chance de mudar tudo?? Rever tudo?? Quem sabe? Talvez, alguém “lá em cima” realmente se importe comigo e estivesse a fim de me dizer algo. Uma mensagem, um aviso ou um puxão de orelha e talvez, tudo não tenha passado de uma alucinação, um sonho, ou algo parecido.

Essa é a explicação mais racional que posso ter. Talvez isso tenha servido para abrir meus olhos e ver que a nossa existência vai além do que se pode ver e imaginar. E que para ser próspero basta querer, pois o mundo é um lugar surpreendente e primoroso.

Não há enigma algum, tudo é muito fácil, nós é que vemos erros, defeitos, complicações e tudo mais que gere preocupações que nos impeçam de ver a doçura da vida.

Portanto, tome partido de suas aspirações e sonhos e não se limitemos a viver na inércia de uma existência ávida por “seguir o fluxo”.

Nuwanda.

Duardo
Enviado por Duardo em 14/03/2007
Código do texto: T412075