Elevador - by-Caio Lucas
Parte XXXII
do livro ''Partes da minha vida'')
Um encontro comum, sem marcar, apenas um encontro, foi assim:
Sem querer esbarrei em uma pessoa dentro do elevador, assim sem querer, de verdade, ela olhou e disse: -Sem problema, dependendo do jeito que tocamos nas pessoas até podemos saber se são ou não carinhosas.
Olhei seus olhos, estava falando sério ou era uma grande mentirosa, por segundos pesei minha reação, não queria dar um fora e nem tomar um.
-Que tal uma água e um café? Digo logo duas coisas assim têm a opção de recusar uma!
Ela olhou para o teto do elevador e respondeu quase sussurrando:
-Como recusar um convite tão elegante? Aceito os dois.
Afinidade não se explica, dei um sorriso imediato, daqueles para disfarçar minha surpresa, na verdade não esperava que ela fosse aceitar.
Seus cabelos eram loiros ou aloirados com aquelas luzes, sua boca provocante parecia precisar de um beijo, ou, sei lá, eu que estava um pouco afoito com meus pensamentos, também pela abundância de coisas interessantes dentro daquele elevador.
Logo que saímos segurei de leve seu braço e seguimos rumo a portaria, tínhamos que entregar nossos crachás, em seguida fomos para rua.
Na calçada que vi melhor seu corpo, um todo, solto, esguio e pedinte, bom isso é por minha conta, acho que já estava pensando cafés depois, jantares depois, noites antes de qualquer coisa.
E o sol ainda estava alto e eu fazendo cá minhas conjecturas sobre a moça que nem ao menos sabia o nome, seguimos mais um pouco, havia um restaurante logo à frente, e eu continuava a segurar seu braço mais ou menos agarrado, parecia confortável.
Seu perfume era macio como sua voz, pouco perguntava, falávamos de trabalho, tentei mudar de assunto algumas vezes e ela irredutível, mas com classe, disfarçava e não respondia, não era mais ao menos, o não era firme nas atitudes, concordar em mudar de assunto nem pensar.
Na minha cabeça, já estávamos na cama, numa noite quente de amor, quem sabe uma orgia sexual. Não vem dizer que sou tarado, qualquer um pensa assim qualquer hora, as mulheres muitas vezes vão até mais longe em suas viagens, fazem planos, muitas vezes até casam, bem ali no meio da rua com seus pensamentos de futuros próximos.
Estávamos prestes a entrar no restaurante, era apenas um café e de repente um carro pára bem ao nosso lado, buzinou algumas vezes, e mais vezes seguida, eu que não vou olhar, tenho coisa mais interessante para prestar atenção..
Ela também não olhou, apenas deu menção assim com os olhos um pouco de lado, o carro nos seguia devagar e a buzina continuada chamou a atenção, eu virei e de repente... Meu chefe.
Foi assim que perdi um café-encontro, uma loira linda, talvez mais... Aquela tarde, aquela cama, aquela noite de paixão...
Voltei ao escritório escoltado por um homem esbravejando e sem os malditos contratos que não levei para serem assinados.
Boa tarde... Será?
12/03/2007