O outro passageiro consultou o relógio. Estavam voando há cinquenta minutos sem darem uma palavra, até que um deles irrompeu o silêncio.
— Conheço o senhor de algum lugar — disse Carrero, dirigindo-se a Gilson Chagas.
— Talvez sim! Fui bancário e levava vida cigana. Precisava estar mudando de uma agência para outra, com o objetivo de fazer carreira no Banco. Trabalhei em Picos, Fortaleza, no Rio de Janeiro, em Brasília e em várias cidades de diversos estados. Naveguei por este Brasil urbano e caboclo, à procura do “caminho das índias”. Mesmo aposentado, nunca parei de ticar as partidas dobradas nas curvas do meu caminho. Moro em Brasília. Não sei até quando a Disney Brasileira me suportará.
—Pelo tipo de prosa, o amigo também é escritor! Muitos bancários, quando se aposentam, tomam o caminho das Letras. Vais ao encontro no Salon Du Livre?— Perguntou Carrero.
— Sim! Escrevi “A Ferro e Fogo” e um livro técnico em 2005, intitulado Contabilidade Geral Simplificada. O último foi o romance “Música para Pensar”, lançado este ano. Produzi também outras obras na juventude que, hoje renego, e seria capaz de escrever nelas: “incorrigível. Só o fogo!” Sou um professor que escreve. Nisto também me assemelho a Afrânio Peixoto.
— Não conheço teus livros! Li alguma coisa em sites literários. Não acha perigoso colocar a própria fotografia na Internet?
— Talvez sim, talvez não! Começamos a morrer a partir dos primeiros segundos de vida.
— É verdade! Muitos já disseram isto com outras palavras.
— Sim, já disseram. Muitos já disseram: “Cada minuto vivido a mais é um minuto de vida a menos”.
— Os sites literários estão repletos de velhos e novos talentos. Li um artigo de Francisco Miguel sobre PROSOPAGNOSIA. Que doença estranha! Não reconhecer o rosto das pessoas?... “E aí começava meu martírio” — diz Miguel.
—É... o Chico é mesmo estranho no ser e no fazer. Foi meu grande incentivador na direção das Letras.
— Foi? Não incentiva mais ou já morreu?
— Cada minuto vivido a mais é um minuto de vida a menos. Ele já tem 76 janeiros nos couros. Rogo a Deus que eu possa chegar a essa idade e o Chico ultrapasse em muitos anos o marco até agora alcançado.
— Somos pedras que se consomem... Diz Carrero — Meu livro, isso aqui, isso aqui é meu mundo, meu universo. Isso aqui é minha maravilha! Eu gosto tanto disso aqui! É como namorar. Tem dia que me sento só pra namorar! Olhar pra livro...
E trocaram gentilezas oferecendo um ao outro os últimos títulos que publicaram.
— Conheço o senhor de algum lugar — disse Carrero, dirigindo-se a Gilson Chagas.
— Talvez sim! Fui bancário e levava vida cigana. Precisava estar mudando de uma agência para outra, com o objetivo de fazer carreira no Banco. Trabalhei em Picos, Fortaleza, no Rio de Janeiro, em Brasília e em várias cidades de diversos estados. Naveguei por este Brasil urbano e caboclo, à procura do “caminho das índias”. Mesmo aposentado, nunca parei de ticar as partidas dobradas nas curvas do meu caminho. Moro em Brasília. Não sei até quando a Disney Brasileira me suportará.
—Pelo tipo de prosa, o amigo também é escritor! Muitos bancários, quando se aposentam, tomam o caminho das Letras. Vais ao encontro no Salon Du Livre?— Perguntou Carrero.
— Sim! Escrevi “A Ferro e Fogo” e um livro técnico em 2005, intitulado Contabilidade Geral Simplificada. O último foi o romance “Música para Pensar”, lançado este ano. Produzi também outras obras na juventude que, hoje renego, e seria capaz de escrever nelas: “incorrigível. Só o fogo!” Sou um professor que escreve. Nisto também me assemelho a Afrânio Peixoto.
— Não conheço teus livros! Li alguma coisa em sites literários. Não acha perigoso colocar a própria fotografia na Internet?
— Talvez sim, talvez não! Começamos a morrer a partir dos primeiros segundos de vida.
— É verdade! Muitos já disseram isto com outras palavras.
— Sim, já disseram. Muitos já disseram: “Cada minuto vivido a mais é um minuto de vida a menos”.
— Os sites literários estão repletos de velhos e novos talentos. Li um artigo de Francisco Miguel sobre PROSOPAGNOSIA. Que doença estranha! Não reconhecer o rosto das pessoas?... “E aí começava meu martírio” — diz Miguel.
—É... o Chico é mesmo estranho no ser e no fazer. Foi meu grande incentivador na direção das Letras.
— Foi? Não incentiva mais ou já morreu?
— Cada minuto vivido a mais é um minuto de vida a menos. Ele já tem 76 janeiros nos couros. Rogo a Deus que eu possa chegar a essa idade e o Chico ultrapasse em muitos anos o marco até agora alcançado.
— Somos pedras que se consomem... Diz Carrero — Meu livro, isso aqui, isso aqui é meu mundo, meu universo. Isso aqui é minha maravilha! Eu gosto tanto disso aqui! É como namorar. Tem dia que me sento só pra namorar! Olhar pra livro...
E trocaram gentilezas oferecendo um ao outro os últimos títulos que publicaram.