Esperando o perdão de um filho
(narrativa)
Estava eu em um ônibus coletivo quando, logo à minha frente avistei uma senhora de meia idade mais ou menos. Percebi que a senhora estava muito triste e pus-me a observar, notei-lhe uma profunda tristeza e em dado momento começou a chorar. Fiquei apreensivo, preocupado, aproximei-me e lhe perguntei: --- Pois não senhora! Há algo que eu possa fazer para ajudá-la? Ela disse-me: --- Não sei moço! É que eu não sei o que vai ser de mim agora!... Suspirou fundo e mostrando terrível desilusão disse que ninguém poderia ajudá-la, mas que seu filho amado saiu de casa para não mais voltar.
Pensei tratar-se de motivo banal, tentei explicar-lhe que isso sempre acontece com jovens adolescentes e seu filho logo voltaria com certeza. Então ela respondeu-me --- Acho que dessa vez é para sempre. Ele não vai mais voltar!... Perguntei qual teria sido o motivo e ela me disse que o problema é que ele não a aceita pelo fato de ela ser negra, a mãe sendo negra ele não se aceita sendo seu filho....
Fiquei paralisado! Não sabia o que lhe dizer!
Aquele fato estava na contra mão da história!...
De qualquer forma prossegui tentando tranquilizá la... Um pouco mais calma, ela disse-me que seu filho passou a rejeitá-la logo que começou a frequentar a escola, seus colegas diziam-lhe piadas e ironias sempre a respeito de sua cor negra. Então ele passou a desprezar seus pais e subestimar-se, ameaçava ir-se embora de casa, tentou isso algumas vezes antes, mas sempre por saudades de casa, ou porque alguém o convencia, ele retornava. Hostilizava seus pais, até que resolveu ir-se embora...
Mantive-me ali por um tempo mais, junto a ela, conversando, ela se distraiu, me agradeceu pelas palavras, e depois, ao aproximar-se seu ponto desceu. Fiquei pensando, como a vida é cheia de contradições! Há muitos filhos que não gozam da companhia e o carinho dos seus pais. Vivendo abandonados pelas ruas, becos e esquinas a mendigar, expostos a todos os perigos e intempéries do tempo, entregues à própria sorte, outros, apesar de ter seus pais e o aconchego de um lar, preferem ignorá-los, desprezá-los por mero preconceito e provavelmente más companhias e influências.
Este texto está registrado no Escritório de Direitos Autorais sob o nº 576-645 Livro 1-101 Folha 218 Em 03/10/2012 RJ.