Sonhos e ilusões I

Ele tinha um sonho, queria ser jogador de futebol, jogar igual aquele moreno da camisa 10, fazer gols de placa, dar dribles desconcertantes e ganhar muitos títulos. Ah, queria jogar na seleção também e ser campeão do mundo e ainda ganhar um bom dinheiro e comprar uma casa para os seus pais que moram em um barraquinho lá no morro.

Já estava com 15 anos e era titular do time da rua, todos achavam que ele jogava muito bem e diziam:

Vai lá Pelézinho, dá outra caneta nele e faz mais um gol pra nóis!!

É pelo apelido dá pra imaginar sua cor de pele e sua habilidade com os pés jogando futebol.

Ele continuava a sonhar, todos a elogiar, muitos tapinhas nas costas e nada de alguém ajudar.

Conseguiu se inscrever em uma peneira que um ex-atleta de um grande time iria fazer na cidade.

Chegou uma hora adiantado, foi a pé, recebeu uma camisa e pediram que se sentasse à beira do gramado surrado e esperasse sua vez de ser chamado.

Lá do morro só ele veio, os outros meninos moravam na cidade em casas de alvenaria bem estruturadas, com pais empregados e tomavam café todo dia.

Ele não se aguentava de ansiedade esperando sua vez, todos já tinham tido sua chance, faltava a dele, o olheiro enfim o chamou e mandou que entrasse.

Estava difícil, 10 minutos de treino e pegou uma vez na bola, para cobrar um lateral.

Priiiiiiiiiiiiiii apitou o olheiro e o sonho terminou junto com o som estridente e odioso daquele apito.

Não foi chamado, não foi olhado, não lhe passaram a bola e enterraram seu sonho, transformando-o em ilusão e decepção.