AGENOR

Agenor

Mirradinho

Esquelético

Quase insignificante

A cachaça acaba com o Agenor

Maldita cachaça

Chegou bêbado e foi direto pra cama

De madrugada acordou pra ir no banheiro

Na sala teve a impressão de ver sua mulher com outro homem

No outro dia acordou e se lembrou da visão

Mas ficou sem saber se foi verdade ou efeito da pinga

O povo dizia que sua filha mais nova era filha do Gordo

O dono do bar

Só porque ela era gorda

O povo fala demais

Agenor tinha outros três filhos

O mais velho desde cedo vivia de trambique

De tanto passar a perna acabou levando um teco

Saiu do hospital e sumiu no mundo

Nunca mais nem notícia deu

A outra filha não era gorda mas tinha outros hábitos

Um dia sumiu de casa e foi morar com outra mulher

Levou a irmã gorda pra morar com ela

A mulher de Agenor também se mandou

Dizem que foi morar com outro

Mas o povo fala demais

Ficou o filho mais novo

Estudioso, trabalhador

Chegava a noite e cozinhava para ele e para o pai

Agenor chegava do bar sempre bêbado

mas sempre encontrava comida na mesa

Nos fins de semana o filho lavava e passava a roupa dos dois

Depois ficava com a cara enfiada nos livros

Agenor até parou de beber

Voltou a ser gente

O filho era um exemplo

Esse meu filho vai ser doutor

Dois anos depois morreu num acidente de transito

Agenor ficou só

Chegava a noite e a mesa vazia

Voltou a beber

Agora pra esquecer

Agenor

Mirradinho

Esquelético

Totalmente insignificante

A cachaça acabou com o Agenor

Bendita cachaça