A galinha, seo Fidélio e o falso tesouro

(narrativa)

Na periferia de uma grande cidade, há alguns anos atrás, seo Fidélio morava com a esposa e seus oito filhos, levava uma vida modesta de muito sacrifício, trabalhando como operário de uma fábrica, o pouco dinheiro que ganhava mal dava para pagar as contas de água, luz e comprar um pouco de comida. Era o trivial básico e simples. Comprava sempre fiado na mercearia do Sr bidéro. Sua esposa, D. Marluce lavava e passava roupa para ajudar nas despesas de casa, ganhando um dinheirinho. Seus filhos eram pequenos, só o mais velho já com quinze anos, trabalhava de ajudante em um supermercado para ajudar nas despesas. Os outros eram pequenos e não podiam trabalhar, só estudavam na escola local. Um dia seo Fidélio sofreu um acidente de trabalho e ficou cego de um olho, não podendo mais trabalhar empregado, ficou recebendo um auxílio doença pelo INSS.

Enquanto isso fazia alguns bicos, (trabalhos extras), de jardinagem, limpando quintal, fazendo poda de árvores e outros serviços, para completar a renda familiar. Sempre ganhando só o suficiente para sobreviver e não deixar faltar nada em casa. Um dia um amigo seu, o Sr Juvenal comprou umas galinhas caipiras, e vendo a sua dificuldade, em conseguir seu pão de cada dia resolveu presenteá-lo com duas galinhas gordas. Certo dia, sua esposa D.Marluce, não tendo outra alternativa, resolveu matar uma galinha para servi-la no almoço. Pois havia só um pouco de feijão, farinha e batatas. Quando foi limpar a galinha, para sua surpresa, D. Marluce viu caírem várias pedrinhas da (moela) da mesma. Eram pedrinhas esverdeadas, algumas amarelas, outras roxas e em forma de cubo. Pasmada, e sem saber o que dizer ou fazer, D Marluce juntou-as, guardou, e as mostrou a seu esposo, que também não sabia o que fazer.

Guardaram aquelas pedras. Nascia ali o sonho e a esperança ou ilusão de uma possível melhoria de vida e, porque não dizer, ficarem ricos? E, assim deixarem aquela vida de privações para trás de uma vez. Porém ficaram incomodados, com o estranho fato. Alguns dias após, movidos pela mesma necessidade, tiveram que sacrificar a outra galinha, e a mesma cena se repetiu, eram pedrinhas cor de vinho, algumas verdes, outras roxas. Seo Fidélio guardou-as bem escondido! Mal conseguia dormir, só pensando e crescendo em seu peito, cada vez mais a expectativa de estar rico. Então, teve uma idéia, procurou uma loja que trabalha com ouro, jóias e pedras preciosa, para pedir uma avaliação. Percorreu outras lojas mais, e a resposta era sempre a mesma.

Finalmente encontrou uma loja especializada só em pedras preciosas, e a resposta não tardou! O gerente da loja que era técnico gemólogo, disse! São pedras preciosas, da espécie Topázio! Só que, devido ao fato de serem muito pequenas, não têem valor comercial, e sim, valor decorativo! Seo Fidélio ficou muito triste, então consultou mais outras lojas do ramo e obteve a mesma resposta. Veio uma equipe de TV local e fez uma matéria jornalística, gravou uma entrevista com ele, a matéria foi ao ar, e ele ficou reconhecido por essa reportagem.

Seo Fidélio e sua esposa ficaram desolados. Tinham um tesouro nas mãos, porém, ao mesmo tempo não tinham nada, e a frustração de saber que tudo aquilo foi só uma ilusão que passou como uma ventania. Em seu sonho de homem simples, seo Fidélio ficou só com a tristeza de ver também sua esposa desiludida, de saberem que, em um momento foram ricos, e no momento seguinte, estavam amargamente pobres outra vez...

Este é um fato real, por motivos óbvios omitimos os verdadeiros nomes dos personagens. Ocorreu com seu narrador que autorizou-me e pediu para não ser identificado.

Este texto está registrado no Escritório de Diretos Autorais sob o nº 576-645 Livro 1-101 Folha 218 Em 03/10/2012 RJ.

Arnaldo Leodegário
Enviado por Arnaldo Leodegário em 01/01/2013
Código do texto: T4062787
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