Quase uma história de amor.
Ela solitária. Ele também só.
Ambos encantadores, alegres, envolventes, simpáticos.
Conheceram-se. Encantaram-se. Envolveram-se afetivamente.
Desfrutaram de um período agradável, de enlevo, onde tudo parecia sorrir. Traçaram planos, inseriram-se em seus respectivos mundos, criando uma ponte entre eles.
O cotidiano, porém, invisivelmente, corroia as estruturas desse relacionamento. Aos poucos, o encanto foi se fragilizando, até fragmentar-se por inteiro.
De repente, olharam-se com a visão do real, do concreto, do agora - e não mais se reconheceram.
Desvanecidas as núvens coloridas, que envolviam seus sentimentos restou o que? A rotineira vida insípida, incolor, inodora. Acordaram do sonho. "Cairam na real".
Tentativas vãs de recuperar o sentimento perdido.
Análises, buscando as causas, o ponto crítico que levou-os ao arrefecimento da paixão. Continuavam eles mesmos - mas já não eram os mesmos...
Sem achar explicação, mudos, frustrados... separaram-se, silenciosamente. Cada um retornou à sua vida solitária.
Cada um, desejando resgatar o sonho perdido, mas sem encontrar a saída, no labirinto da vida.
Nas mentes e nos corações, apenas a lembrança de momentos tão especiais, seguidos da decepção e da sensaçao de vazio, de culpa por não ter percebido o momento ótimo para desviar-se da ruína. Frustração por deixar algo inacabado, inexplicado, incompleto...
Ambos hoje perambulam pela vida - não mais encantadores, não mais simpáticos, não mais felizes. Deixaram que a amargura penetrasse seus corações. Perderam a coragem de tentar novamente.
Ontem - quase uma história de amor. Hoje - duas chamas se apagando...
Acomodados? Confusos? Respeitadores? Desmotivados?
Ou simplesmente... covardes?