Quem é o LADRÃO? (Parte II)
O objeto escolhido foi um isqueiro de ouro comprado na última viagem a São Paulo, durante as últimas férias. A mulher inventara para as inventara para as amigas que havia sido a Paris.
-Agora eu ajusto as minhas contas com esta pilantra. Sempre vivemos na maior tranqüilidade. Depois vou verificar se não está sumindo nada do Julinho. Meu Deus! Claro que deve estar. Coitado, é tão despercebido e sem maldades que jamais imaginaria que está sendo roubado.
No mesmo momento, a mulher se dirige ao quarto do filho. Vasculha a cômoda, observa o guarda-roupa, os criados-mudos, analisa todas as gavetas.
-Eu sabia. Só nesta rápida vistoria já senti falta de um porta-retratos que ficava em cima daquela cômoda. Deve ter ganhado um bom dinheiro, pois o objeto era adornado com dois brilhantes.
Sentiu falta ainda de uma caneta de ouro, que havia ganhado do pai, no natal passado. E da coleção de soldadinhos que o filho tanto gostava. Nossa, aquela coleção! Eram cinqüenta soldados que haviam trazido do exterior (São Paulo) para satisfazer a um capricho do garoto. Mais que vagabunda! E como o filho não percebera? Ingênuo. Pensou bem que havia sido tirada dali para limpar ou algo parecido.
O isqueiro foi devolvido com precisão. Assim como os cinqüenta reais que também estavam em outro bolso, por esquecimento verdadeiro. A mulher não se contentou.
-Olha só como é fingida! Devolveu desta vez para tentar ganhar a nossa confiança. Sabe que estamos percebendo tudo.
O casal estava na sala. A moça chorava na frente dos dois, garantindo que jamais tomara tal atitude diante de nenhum objeto daquela casa. Nunca pegou em dinheiro que não fosse seu. Era pobre, mas a mãe lhe soubera dar educação.
Uma fingida! Aquele choro não era de uma pessoa honesta. Via-se logo que ela tinha culpa no cartório. Mas o marido, o Senhor Júlio, era mais calmo e sensato. Tentava articular tudo aquilo, resolver da melhor forma.
Disse pelo não disse, resolveu-se perdoar a garota sem levar o caso à frente. Ato de compaixão? Claro que não.
-Já pensou, eu na delegacia, Júlio! A Matilde não vai ter este gostinho. E a Sandra, com aquele nariz empinado? As duas não vão rir às minhas custas. Dizerem que fui vista em delegacia, resolvendo furtos! Eu fico sem os meus objeto, mas não desço a este nível. Sou chique, não entro nestes ambientes de quinta. Esta pilantra se safa desta vez!
O homem ficou meio contrariado. Não tinha certeza se a garota estava mentido realmente. As lágrimas eram tão sinceras! Mas como explicar o sumiço que estavam tomando as coisas na sua casa?
Amanhã, a CONCLUSÃO do conto! Aguardem!