A caridade

" JUTÂMI E A CARIDADE "

Jutâmi e o mestre andavam pelas ruas do povoado,

passando quase que desapercebidos entre a multidão.

Havia naquele povoado muitos pobres, doentes,e dependentes de ópio.

Ocorre que também haviam pessoas que subiam aos pedestais no centro da praça para apregoar os feitos realizados por eles mesmos ou por outras pessoas.

Um dos habitantes do povoado, estava nesse exato momento alardeando em claro e bom tom, o quanto certo homem de posses, procurava ajudar na luta pela recuperação dos viciados da localidade.

Jutâmi ficou impressionado com o discurso feito pelo jovem arauto e disse ao mestre :

Mestre, que grande exemplo de caridade esse homem dá aos moradores daqui, oxalá todos fossem como ele.

O mestre no entanto, mais acostumado às coisas da vida, fitou Jutami nos olhos e disse:

Jutâmi,se alguém recebe para fazer o bem e depois faz propaganda de si mesmo, que bem faz ele na verdade?

Jutâmi olhou para o mestre com ar de interrogação...

O mestre continuou:

A verdadeira caridade não busca o lucro, não aufere dividendos, e nem precisa ser apregoada, pois a caridade não deve gerar dividas, nem de gratidão.

Quando se apregoam as próprias boas obras, ou se usa de outras pessoas para apregoa-las, perdeu-se o sentido da caridade e esta transformou-se em soberba.

A caridade jamais deve ser usada para obter os aplausos do mundo.

A verdadeira caridade é silente, não sai normalmente das quatro paredes onde acontece, e deve afetar apenas aos que dela partilham.

Jutami compreendeu naquele instante que as aparências muitas vezes enganam...

Façamos pois a caridade, com os olhos fitos na edificação do próximo, sem buscar o reconhecimento do mundo, para que não ocorro sermos contados entre os hipócritas, que vivem apenas de aparência.