Só as mães podem entender...
Ao término de um dia exaustivo de trabalho, só pensava em voltar para casa. Um bom banho, um programa na Tv para relaxar, uma passadinha no facebook... e cama.
Chegaria tarde em casa, pois problemas de última hora retiveram-na um pouco mais de tempo no trabalho. Enquanto fazia a viagem de metrô, imaginava a filha dormindo, lamentava que naquela noite não poderia fazer o ritual de sempre ao colocá-la para dormir.
Na verdade, contorcia-se de culpa por não poder dedicar mais tempo à filha. Precisava trabalhar o dia inteiro para atender suas necessidades e proporcionar-lhe um pouco de conforto.
Chegava em casa todas as noites a tempo de ler uma história para filha, saber como tinha sido o seu dia, escovar seus dentinhos, colocar a roupa de dormir e ficar segurando sua mão até ela adormecer...
Mas, naquela noite, esse ritual seria quebrado. Lamentava-se mais ainda porque no dia seguinte sairia cedo e não veria a filha de novo.
Para aliviar a dor, tirou da bolsa um álbum que sempre carregava consigo e começou a folheá-lo...conseguia sentir até o cheirinho da filha naquelas fotografias...e, assim, estação após estação, foi matando a saudade que sentia dela.
Tão absorta em seus pensamentos, quase não percebe a porta do metrô se abrindo na estação que ia descer. Mas, corre a tempo de sair do trem antes que a porta volte a fechar.
Caminha alguns metros até sua casa, refazendo os planos do início da viagem, acrescentando uma nova cena: sentaria ao lado da cama da filha e a observaria dormir durante alguns minutos.
Finalmente chega ao seu destino. Abre a porta e pé ante pé, vai até o quarto, na tentativa de não fazer barulho para não acordar a filha.
Mas, tudo era inútil. Aquela criaturinha de cinco anos, ao ouvir o barulho, corre em sua direção com um papel na mão todo rabiscado e pintado, dizendo: "Mamãe, eu fiz pra você..."
Lágrima e sorriso fundiram-se num só no coração daquela mãe.