(parte de um projeto de livro)
O ar se torna pesado, os pulmões parecem estar cheios de mercúrio; essa é a sensação de respirar, ver e ser visto- essa é a sensação de ser. O sentimentalismo é idiota, retardado e exíguo no mundo. Ninguém se importa, não querem e não quero saber de sentimentos. O sentimentalismo é o desing do oco, do vazio. O sentimentalismo muitas vezes sou eu. Peço perdão e também licença para aqueles que me acham escritora de versos e livretos que reclamam e que amam. Não queria ser assim, mas há algo a mais dentro de mim. Não quero ser famosa, não quero ser conhecida, nem louca. Só anseio ser artista, fazer uma arte que ‘afaste de mim esse cálice de vinho tinto de sangue’.
Essa taça cheia de estirpe humana vai-se embora, e bom, digamos que sigo apreciando momentos de felicidade. Acordar tarde em um apartamento classe média baixa no centro da cidade, mal lavar o rosto, andar arrastando os pés, encontrar minha mãe com o maior sorriso do mundo, sentir o cheiro de café e ver o pão e a manteiga ali- Deus como isso é bom!
“O mundo meu bem não vale”, mas acabei ‘sonhando que o sonho existia’- o sonho de brilhar os olhos, e de ter fogos de artifício no tórax, sim, liberto as lágrimas e ando por aí. Faço o incrível ato de ser...