Se hoje fosse domingo

Sr. Stuart passeava pela praça, quando avistou uma figura solitária sentada mais à frente.

Era uma moça delicadamente bela, bem magra, de aparência muito sensível. Quando seus olhares se encontraram ele teve um breve arrepio. Aproximou-se e cumprimentou a jovem sentando-se ao seu lado.

Stuart não sabia mas sua companhia passara um certo alivio à jovem que estava perdida em seus pensamentos.

_ Gostaria que hoje fosse domingo! - disse a moça sem se apresentar.

_ Por quê?

_ Se hoje fosse domingo, como era antigamente, eu não teria que... – interrompeu-se, abruptamente.

_ Oh, bela dama, o que a aflige? – Sentiu compaixão daquela menina, de aparência frágil e palavras tão sofríveis.

_ A vida nos dá uma oportunidade apenas, e eu a desperdicei... se ele, ao menos, estivesse aqui... se hoje fosse domingo...

Stuart sentiu que um drama se passava e que ele não poderia o decifrar.

_ Tenho que ir!- disse a moça, levantando-se e não deixando oportunidade para mais delongas.

Partiram em direções contrárias. Stuart ficou imaginando que ferida haveria no coração da jovem, que a deixou tão atordoada e a ele intrigado. Era um homem experiente e sabia que a moça um dia entenderia que enquanto há vida, há oportunidade de se viver, de fazer algo. Quando estivesse mais velha compreenderia que as feridas um dia cicatrizam e nos fortalecem.

Deus alguns passos e logo após ouviu barulho de pneus derrapando no asfalto. Virou-se e reconheceu o corpo, agora inerte, da moça caída com o rosto no asfalto.

“Se hoje fosse domingo talvez ela tivesse alguma chance”, pensou Stuart, e prosseguiu a sua caminhada já que nada podia ser feito.