O Patriarca rejeitado

(narrativa)

Ramiro era um lavrador que trabalhou de sol a sol para criar e dar estudo aos seus oito filhos. Depois de os filhos criados Ramiro foi obrigado a ir embora para a capital onde mora em uma casa em um bairro de classe média. Seus filhos cresceram estudaram e se formaram, tendo alguns casados e vivem com suas famílias. Ramiro era um homem do campo. Lavrador de costumes e hábitos simples.

Criou os filhos com dificuldade, porém com muita honra. Ao chegar a velhice, agora já aposentado, adquiriu hábitos excêntricos natural de toda pessoa que chega à terceira idade e vai acrescentando certos cacoetes e manias. Então passou a ser vítima da falta de compreensão e paciência por parte da família. Ramiro foi desprezado, rejeitado por quem mais amava, (os filhos). Nos fundos da casa há uma espécie de quarto de despejo improvisado de uma varanda fechada tipo área de serviço ou quarto de despejo. Em meio a geladeira velha, armário velho, fogões e tralhas velhas, em fim; objetos obsoletos e etc. Lá é o seu lugar. Esse passou a ser o seu aposento. Ramiro passa boa parte do dia nesse local, tendo apenas por companheiros um sofá (velho), o velho cachorro Bidu, já cego de um olho e deficiente de uma pata, e seu radinho (velho) de pilhas. Quando seus filhos estão em casa, Ramiro se recolhe a seu aposento, chegando as vezes fazer suas refeições ali mesmo. Tendo ele inclusive feito um trato com sua família de quê; quando chegar visitas (ele) o pai se recolher para não os envergonhar, ou mesmo bastando o simples fato de os filhos estarem em casa, para os poupar de sua presença.

Assim é o dia-a-dia de seo Ramiro que na terceira (3ª) idade teve como prêmio o abandono e indiferença por parte dos filhos.

Esse fato me foi narrado por um amigo da família que ficou incomodado com o que presenciou e pode constatar a triste realidade de um pai de família. Isso me fez recordar de uma antiga (moda de viola) intitulada “Couro de boi” cuja narrativa guarda toda semelhança a esse caso.

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Arnaldo Leodegário
Enviado por Arnaldo Leodegário em 08/12/2012
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